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Helicóptero vegan marca resposta da aviação à COP26
No Dubai Airshow, houve executivos de companhias aéreas a exaltarem as virtudes ambientais ao encomendarem mais aeronaves. Alguns, embora não todos, substituirão assim jatos mais antigos e mais poluentes.
A indústria da aviação começou a encomendar novas aeronaves no Dubai Airshow esta semana, depois de a COP26 deixar as companhias aéreas e fabricantes de aviões relativamente ilesas de novas exigências para emissões.
A Airbus conseguiu mais de 400 compromissos para entrega de aeronaves de empresas como a Air Lease, Wizz Air e Jazeera Airways, enquanto a Boeing fechou um contrato de 72 aviões 737 Max com a startup indiana Akasa Air.
A atividade reflete o otimismo de que a retração das viagens provocada pela covid-19 dê sinais de alívio. A cimeira climática global, no entanto, teve pouco impacto imediato. A Airbus promoveu um helicóptero equipado com materiais vegan a pedido de um casal abastado.
"Não acho que a COP26 vá contribuir em termos de uma maior rapidez na descarbonização da aviação", disse Stefan Goessling, professor da Universidade de Lineu, na Suécia, que estuda o setor de aviação e as alterações climáticas. "A aviação foi praticamente deixada de fora da discussão".
Renovação de frotas
No Dubai Airshow, houve executivos de companhias aéreas a exaltarem as virtudes ambientais ao encomendarem mais aeronaves. Alguns, embora não todos, substituirão assim jatos mais antigos e mais poluentes.
Também "a Saudi Arabian Airlines está comprometida com a sustentabilidade e redução do impacto ambiental", declarou o seu CEO, Ibrahim Koshy, em entrevista. A operadora estatal está a ponderar encomendar mais de 100 aviões para se preparar para uma grande expansão do turismo planeado pelo reino, o maior exportador de petróleo do mundo.
A Jazeera Airways encomendou novos jatos para transformar o Koweit num pequeno "hub" inspirado no Dubai, Doha e Abu Dhabi. O perfil ambiental dos modelos atualizados da série Airbus A320 foi um fator-chave na encomenda de 28 aviões feita no Dubai Airshow, disse o CEO, Rohit Ramachandran. A frota duplicará para cerca de 35 aviões.
A Airbus exibiu o ACH145 no Dubai. Um casal rico, cliente da empresa, queria um helicóptero que espelhasse os seus valores, pelo que solicitou assentos feitos com um material alternativo ao couro.
O veganismo reúne adeptos não apenas entre os que não consomem carne, mas como forma de combater as alterações climáticas, com a redução da criação de gado e do desmatamento.
Prioridades da indústria
A desconexão entre a retórica e a busca incessante do setor da aviação pelo crescimento reflete as prioridades de um segmento que foi devastado pela pandemia de covid-19 e que, por enquanto, escapou aos aspectos mais rigorosos da ofensiva regulatória para desacelerar as alterações climáticas.
As emissões das companhias aéreas foram excluídas do Acordo de Paris assinado na COP21 em 2015, deixando a Organização da Aviação Civil Internacional (ICAO, na sigla em inglês) da ONU como árbitro principal das metas de emissões de gases com efeito estufa do setor. Em Glasgow, foi lançada uma iniciativa para metas mais ambiciosas para a ICAO, mas o debate não acontecerá antes de uma assembleia em setembro de 2022.
"A capacidade precisa de sair do mercado", sublinhou Goessling. "Infelizmente, não há debate sobre essas questões e estamos a regressar ao ‘business as usual’".