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Devolvidas 19 milhões de garrafas nas grandes superfícies em três anos
O projeto-piloto pensado para servir de referência ao futuro sistema de depósito e reembolso de embalagens de bebidas de uso único permitiu, em menos de três anos, encaminhar para a reciclagem mais de 531 toneladas de materiais.
O projeto-piloto pensado para servir de referência ao futuro sistema de depósito e reembolso de embalagens de bebidas de uso único permitiu, em menos de três anos, a recolha de 18,8 milhões de garrafas e encaminhar para a reciclagem mais de 531 toneladas de materiais.
Composto por 23 máquinas de recolha automáticas instaladas em grandes superfícies comerciais localizadas em Portugal continental para devolução de embalagens de bebidas de plástico PET, o projeto-piloto esteve a funcionar entre março de 2020 e 31 de dezembro de 2022.
O balanço da iniciativa, denominada "Quando do Velho se Faz Novo", gerida pelo consórcio formado pela APIAM (Águas Minerais e de Nascente de Portugal), APED (Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição) e PROBEB (Associação Portuguesa de Bebidas Refrescantes Não Alcoólicas), foi apresentado, esta quarta-feira, na conferência "Preparar o Futuro das Embalagens de Bebidas: Ecodesign + Economia Circular", que reuniu em Lisboa representantes da área da indústria, produção e distribuição de embalagens.
No evento foram também apresentados os resultados de uma outra iniciativa, idêntica, mas circunscrita ao concelho de Lisboa, designada "Bebidas+Circulares", que registou mais de 3,8 milhões de embalagens devolvidas numa dezena de máquinas entre 26 de novembro de 2020 e 31 de dezembro de 2022, o correspondente a mais de 240 toneladas de materiais encaminhados para reciclagem. Do total de embalagens devolvidas, mais de 2,2 milhões eram em plástico PET, mais de 730 mil eram latas de alumínio e mais de 806 mil garrafas de vidro.
Assim, os dois projetos-piloto recolheram em conjunto mais de 22,6 milhões de embalagens de bebidas em plástico PET, latas de metal e garrafas de vidro, a que correspondem mais de 770 toneladas de materiais encaminhados para reciclagem.
Para avaliar o desempenho e a adesão dos consumidores às duas iniciativas foi feito um estudo comportamental que "demonstra que os inquiridos atribuíram uma avaliação bastante positiva ao futuro Sistema de Depósito e Retorno de embalagens (motivação de 8,14 numa escala de avaliação de 0 a 10)", com "a maioria dos inquiridos a revelar a intenção de utilizar as máquinas de devolução automática de embalagens de bebidas, destacando como principais motivações a atribuição de um incentivo económico, a contribuição para o aumento e qualidade da reciclagem e a conveniência dos locais de recolha", refere o consórcio, em comunicado enviado às redações.
O estudo concluiu também que a retoma de embalagens de bebidas através de máquinas é um instrumento poderoso para promover a reciclagem de alta qualidade e a valorização do plástico PET, das latas e do vidro, garantindo a circularidade destes materiais., acrescenta.
"Mais do que a quantidade de embalagens recolhidas e que deram origem a nova matéria-prima para novas embalagens, estes projetos vieram demonstrar que é possível promover a sustentabilidade, incentivar uma economia mais circular e promover comportamentos ambientalmente responsáveis. Envolver diretamente o consumidor e disponibilizar as máquinas em locais de acessíveis e de conveniência, como são as superfícies comerciais, são ensinamentos importantes a retirar destas iniciativas para se construir ter um sistema robusto, acessível e exequível para todos, da indústria e distribuição até aos consumidores e a toda a fileira associada à economia circular", afirma o diretor-geral da APED, Gonçalo Lobo Xavier.
"Acreditamos que o sucesso destes projetos possa agora permitir ao legislador reforçar a urgência da adoção de um sistema de depósito em Portugal. Aumentar a taxa de retoma e promover a circularidade das embalagens é a nossa visão com os olhos postos na implementação de um sistema de depósito, no qual retalhistas e produtores têm vindo a trabalhar arduamente. Só falta mesmo avançar com a publicação da regulamentação para que o SDR se torne uma realidade efetiva", disse, por seu lado, Francisco Furtado de Mendonça, secretário-geral da APIAM e PROBEB, citado na mesma nota.
Desconhece-se, no entanto, quando é que o chamado SDR poderá entrar em funcionamento. À luz da lei deveria ter sido implementado a 1 de de janeiro de 2022, mas ainda falta toda a arquitetura legal.