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O SDR Portugal, candidato à gestão do futuro sistema de depósito e reembolso (SDR) das embalagens de bebidas não reutilizáveis de plástico, metal e vidro, propõe recolher a totalidade das 1,2 mil milhões de embalagens de bebidas de uso único que se estima que sejam comercializadas no canal HoReCa (hotéis, restaurantes e cafés). Para levar essa missão a bom porto, o SDR Portugal – que junta pesos-pesados da indústria e produção de bebidas – encontrou um aliado na Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP), com a qual estabeleceu um protocolo de colaboração.
Ao Negócios, o presidente do SDR Portugal, Leonardo Mathias, explica que a parceria com a AHRESP, que representa 22 mil associados, tem como objetivo “desenvolver e implementar um SDR eficaz e eficiente no contexto do canal HoReCa”. “Vão ser criadas equipas conjuntas nas áreas financeira, de logística e de operações que irão tentar encontrar pontos em comum e, sempre que possível, validar o trabalho que temos vindo a fazer desde finais de 2019”, explica.
Face ao “enorme desafio que representa a capilaridade dos restaurantes e cafés em Portugal – são cerca de 80 mil a que acrescem 10 mil unidades de comércio tradicional – entendemos que seria positiva esta ligação”, justifica Leonardo Mathias. “A AHRESP é fundamental porque conhece o setor melhor do que ninguém”, reforça.
Se for escolhido para gerir o futuro sistema, o SDR Portugal prevê instalar, em todo o território nacional, 3.600 máquinas de recolha automática, ao longo de uma rede de 2.900 retalhistas, como hipermercados, assim como mais de 90.000 pontos de retoma manual, incluindo para servir o canal HorReCa e o comércio tradicional. A cobertura poderá ir além do retalho, com Leonardo Mathias a adiantar que planeiam distribuir 1.000 máquinas adicionais por pontos como estações de comboio ou portos. Essa operação, nas estimativas da associação, vai gerar mais de 1.500 postos de trabalho diretos e indiretos e implicar um investimento superior a 100 milhões de euros num horizonte temporal que pode ir até sete anos, dos quais 70% a realizar nos primeiros dois, o prazo mínimo para a implementação do sistema após a atribuição da licença.
À espera que o Governo avance com legislação
Desconhece-se, contudo, quando é que o sistema poderá entrar em funcionamento. À luz da lei deveria ter sido implementado a 1 de de janeiro de 2022, mas ainda falta toda a arquitetura legal. E isso tem consequências, alerta o antigo secretário de Estado da Economia: “Por cada ano de atraso do sistema, Portugal envia para aterro e incineração cerca de 1,5 mil milhões de embalagens de bebidas de plástico, metal e vidro”, que representam perdas de valor, quer em custos para efeitos de limpeza, quer ao nível dos proveitos, que se retirariam da economia circular.