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É de cooperativa. E é muito bom

Assim como os vinhos por castas tornaram-nos mais exigentes, com os azeites passa-se a mesma coisa. Aqui se fala de uma colecção de grande categoria. E feita numa cooperativa. Pois é.

08 de Outubro de 2016 às 13:00
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Com excepção dos políticos de ocasião e do sr. Dom Duarte de Bragança, que, justiça seja feita, está sempre pronto a defender com galhardia a agricultura nacional, pouca gente perde tempo em elogiar as cooperativas portuguesas. Pelo contrário, a ideia geral é que os produtos cooperativos são de qualidade sofrível, resultantes de processos organizativos mais ou menos arcaicos. O problema é que, como de costume, arrasta-se tudo para o mesmo saco, pelo que as injustiças são flagrantes.

Deixando de lado o papel social e económico que tais organizações tiveram a partir dos anos 50 em Portugal, convém dizer que há cooperativas agrícolas que são modelos de boa gestão em Portugal. E não, não são só as cooperativas vitícolas alentejanas, mas, por exemplo, a cooperativa de Pegões ou a de Cantanhede. Lançam bons vinhos, têm processos de gestão saudáveis e pagam a tempo e horas os seus associados. Donde, nesta matéria, bem se pode dizer que há cooperativas e cooperativas.

Passando para o que nos interessa hoje, comecemos por dizer que, no domínio dos azeites, a Cooperativa dos Olivicultores de Valpaços é um caso muito especial. Especial pela qualidade média que apresenta para tanta quantidade de azeite, especial por ter que lidar com 2200 sócios!, especial pelos processos de gestão e especial por ter no seu portfólio uma colecção de azeites varietais que, prémios à parte por este mundo fora, tem uma função didáctica apreciável.

Na colecção Rosmaninho Gourmet, temos um azeite da variedade Cobrançosa, um de Verdeal, outro de Madural e, ainda, um azeite que é a junção as três variedades anteriores.

Quem leva o mundo do vinho a sério recordar-se-á, a partir dos anos 90, da estratégia das empresas no lançamento de vinhos varietais. Ele era Tourigas, Trincadeiras, Aragonês, Alfrocheiro, Alicante Bouschet, Tinta Roriz, Tinto Cão, Fernão Pires, Antão Vaz, Loureiro, Arinto e por aí fora. E, apesar da onda de lançamento destes vinhos extremes estar a perder força, a verdade é que tiveram e têm um papel muito importante na educação dos consumidores. Pudemos, finalmente, perceber e conhecer as características individuais de cada casta. E, com isso, tornamo-nos enófilos esclarecidos.

Em matéria de azeites, estamos, do ponto de vista do conhecimento, como estávamos nos anos 80 face aos vinhos (ou até antes). Isto é, estamos a começar a abrir os olhos, pelo que a colecção Rosmaninho ajuda-nos a perceber que uma mesma garrafa de azeite não serve para temperar o bacalhau e uma mousse de chocolate; não serve pata temperar um creme de legumes e um cabrito; nem serve para ligar uma salada de tomate ou perfumar um gelado de noz. Assim como existem vinhos adequados a uma chanfana ou um arroz de cabidela, também os azeites têm as suas ocasiões.

Isto não significa que temos de ter em casa um azeite por cada prato. Não é isso. Significa que há perfis de azeite para determinados tipos de confecção. Por exemplo, peixes delicados cozidos pedem azeites mais suaves (do sul do país e feitos com Galega) e carnes assadas ficam bem mais interessantes se, depois do forno desligado ou já na mesa, levarem um fio de azeite do Rosmaninho Cobrançosa. Já agora, diria o Rosmaninho Madural fica bem com umas pastas italianas que tenham levado umas lascas de malagueta e o Verdeal será um encanto para temperar a tal mousse de chocolate. São só ideias.

Agora, quem gostar de complexidade e mistério, faça o favor de se servir do Rosmaninho Selecção, que tem, como se imagina, o melhor de todas as variedades na mesma garrafa. Às vezes. não sei se este Selecção é um azeite ou u perfume.


Está cá tudo o que tem um azeite categoria de Trás-os-Montes. Verdes intensos de todas as famílias (folha de oliveira, relva cortada, casca de amêndoa verde, rama de tomate e giesta) com umas elegantes notas de amoras e framboesas (sim, não estamos maluquinhos). Na boca, os amargos saltam de imediato e o picante vem logo a seguir, com as tais sensações verdes. Harmonioso, persistente e desafiante. Custa cerca de €8,5.


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