Notícia
Rui Silvestre, a estrela desconhecida
Se está pelo Algarve e quer fazer uma experiência gastronómica memorável, o Bon Bon é o espaço certo.
13 de Agosto de 2016 às 13:00
Rui Silvestre bateu um recorde nacional por ser o mais jovem chef português a ganhar uma estrela Michelin. A 25 de Novembro de 2015, tinha 29 anos, mas quando os misteriosos inspectores visitaram o Bon Bon, no Algarve, Silvestre tinha 28 anos. Em países com cultura de exigência na alta restauração, essas coisas acontecem (o italiano Massimiliano Alajmo, descendente da 4.ª geração de cozinheiros na família, conseguiu as três estrelas aos 28 anos), mas, por cá, Rui Silvestre foi um caso. Tão grande que os críticos foram apanhados a gaguejar no dia da festa em Vigo. "Bom Bom ou Bon Bon, como é que é?!" "Onde?!" "Quem!?" "Rui quê?!" Ninguém sabia nada. Coisa que, louve-se nesta matéria o "guia vermelho dos pneus" (José Quitério "dixit"), só abona em favor do chef e de Nuno Diogo, o dono do restaurante.
O certo é que a dupla estava, desde Março de 2014, focada neste objectivo da estrela. Porquê? Porque, responde o chef, "era possível. Temos produtos de excelência, temos técnica e temos serviço de nível. Portanto, era só esperar."
Já Nuno Diogo conta outra história. Algarvio com investimentos na área da restauração, certo dia estava a passar em frente ao Vila Joya quando o pai comentou que ali se comia como em nenhum outro lado no Algarve. Nuno ouviu e prometeu ao pai que um dia haveria de erguer uma casa com o mesmo nível. Está dado o primeiro passo.
Quando provamos os pratos do menu em vigor (Fauna e Flora), o que sobressai é domínio técnico de confecção e - coisa que nem sempre acontece na alta gastronomia - a preocupação por não espalhar muitos sabores em cada prato. Não há confusões, não há distracções nem há floreados barrocos. Se um dos pratos se chama moleja (uma pequena obra-prima), é a moleja que sabe, apesar de, misteriosamente, ligar na perfeição com lagostim, tangerina e nabo.
A passagem do jovem cozinheiro por outros restaurantes com estrela Michelin na Europa justificará muito do que faz no Algarve, mas é nossa ideia que parte do seu sucesso se deve ao trabalho que desenvolve com os seus fornecedores. Se os cozinheiros gostam de falar na importância do produto (um cliché), Rui Silvestre gosta de falar no papel dos produtores (é diferente), gente que visita e recebe com tempo.
Há dias, vimo-lo em conversa com Pedro Bastos, líder da Nutrifresco, empresa que trata o peixe nacional de forma superior para chefes estrelados do país e do estrangeiro. Aliás, quando o jovem bioquímico pega num salmonete - perdão, no Mullus Surmuletus ou no Mullus Barbatus -, explica a origem do seu sabor amariscado a partir da sua dieta alimentar ou do seu sistema digestivo. Escutando Pedro Bastos, Rui Silvestre tira notas para explorar ao máximo o sabor e as texturas de peixes e mariscos - a sua grande paixão na cozinha.
E não se pense que no Bon Bon só há camarão do melhor e peixes nobres. A boa da pescada ou a popular raia entram com estilo no menu. O que nunca comemos foi um carapau ou uma ferreira por aqui, mas se calhar é uma questão de tempo.
Donde, quem estiver no Algarve e quiser ter uma noite memorável, o Bon Bon é uma solução. Sim, barato não será, mas se contabilizarmos os barretes que enfiamos por esse país a pagar contas de €40 ou à volta disso, compensa poupar para viver uma experiência inesquecível. E quem gosta destas lides pode depois tentar reproduzir um ou outro prato em casa. Eu, por exemplo, ando às voltas com a tal moleja. Ainda não cheguei ao nível do chef, mas isso é só porque ele tem acesso a molejas de altíssima qualidade. Não é por ausência de jeito da minha pessoa… Era só o que faltava.
O certo é que a dupla estava, desde Março de 2014, focada neste objectivo da estrela. Porquê? Porque, responde o chef, "era possível. Temos produtos de excelência, temos técnica e temos serviço de nível. Portanto, era só esperar."
Quando provamos os pratos do menu em vigor (Fauna e Flora), o que sobressai é domínio técnico de confecção e - coisa que nem sempre acontece na alta gastronomia - a preocupação por não espalhar muitos sabores em cada prato. Não há confusões, não há distracções nem há floreados barrocos. Se um dos pratos se chama moleja (uma pequena obra-prima), é a moleja que sabe, apesar de, misteriosamente, ligar na perfeição com lagostim, tangerina e nabo.
A passagem do jovem cozinheiro por outros restaurantes com estrela Michelin na Europa justificará muito do que faz no Algarve, mas é nossa ideia que parte do seu sucesso se deve ao trabalho que desenvolve com os seus fornecedores. Se os cozinheiros gostam de falar na importância do produto (um cliché), Rui Silvestre gosta de falar no papel dos produtores (é diferente), gente que visita e recebe com tempo.
Há dias, vimo-lo em conversa com Pedro Bastos, líder da Nutrifresco, empresa que trata o peixe nacional de forma superior para chefes estrelados do país e do estrangeiro. Aliás, quando o jovem bioquímico pega num salmonete - perdão, no Mullus Surmuletus ou no Mullus Barbatus -, explica a origem do seu sabor amariscado a partir da sua dieta alimentar ou do seu sistema digestivo. Escutando Pedro Bastos, Rui Silvestre tira notas para explorar ao máximo o sabor e as texturas de peixes e mariscos - a sua grande paixão na cozinha.
E não se pense que no Bon Bon só há camarão do melhor e peixes nobres. A boa da pescada ou a popular raia entram com estilo no menu. O que nunca comemos foi um carapau ou uma ferreira por aqui, mas se calhar é uma questão de tempo.
Donde, quem estiver no Algarve e quiser ter uma noite memorável, o Bon Bon é uma solução. Sim, barato não será, mas se contabilizarmos os barretes que enfiamos por esse país a pagar contas de €40 ou à volta disso, compensa poupar para viver uma experiência inesquecível. E quem gosta destas lides pode depois tentar reproduzir um ou outro prato em casa. Eu, por exemplo, ando às voltas com a tal moleja. Ainda não cheguei ao nível do chef, mas isso é só porque ele tem acesso a molejas de altíssima qualidade. Não é por ausência de jeito da minha pessoa… Era só o que faltava.
Bon Bon
Urbanização Cabeço de Pias, Carvoeiro. Tel. 282 341 496.
Só jantares. Fecha à 4ª.