"Os machos alfa gostam de ter o controlo sobre o seu grupo. Mas a mulher não faz parte desse grupo; a mulher é parte deles. Os machos alfa são aqueles que moldam o mundo. São os nossos líderes, os nossos ‘trendsetters’, os nossos agitadores (...) Sem eles, a raça humana não pode progredir." Este texto de elogio ao "homem macho" data de novembro de 2021 e foi publicado na página de Facebook do movimento conservador feminino Tradwife, que defende, entre outras coisas, a "submissão feminina respeitosa" numa relação.
Não é caso isolado. Estes movimentos têm vindo a ganhar espaço em países como Estados Unidos, Reino Unido ou Japão. Nos EUA, Dixie Andelin Forsyth reeditou "Fascinating Womanhood", o livro escrito pela mãe, Helen Andelin, com conselhos sobre casamento e comportamento. Lançou também "oficinas de feminilidade". No Reino Unido, Alena Kate Pettitt, fundadora da plataforma The Darling Academy, criada com o intuito de promover "valores, estilo de vida e boas maneiras da família tradicional", gerou polémica ao afirmar que a opção de ficar em casa é um "ato feminista".
Esta não é a primeira vez que surgem movimentos femininos de combate ao feminismo. Na década de 1970, Phyllis Schlafly, ativista conservadora norte-americana, encabeçou a campanha "STOP ERA", determinada a evitar a ratificação da Emenda para a Igualdade de Direitos, e conseguiu alcançar o objetivo: apenas 35 dos 38 estados requeridos ratificaram o diploma. Um episódio retratado na minissérie "Mrs. America", produzida no ano passado pela HBO, com Cate Blanchett no papel de Schlafly.