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Quando as bombas destroem a História

Quando um conflito armado deixa em ruínas museus, palácios, monumentos e sítios arqueológicos, há uma parte da identidade de um país que desaparece. Na Ucrânia, os danos crescem a cada dia que passa. Mas não é só a destruição que lesa o património ucraniano. Os saques de obras de arte e de antiguidades são outra das grandes preocupações da comunidade museológica internacional
Filipa Lino 09 de Abril de 2022 às 11:00

Nos museus ucranianos, funcionários e civis procuram guardar os espólios em lugar seguro. Os edifícios históricos estão a ser protegidos com sacos de areia, os vitrais das igrejas foram cobertos com contraplacado e alumínio. Tapam-se estátuas e monumentos. É uma corrida contra o tempo que, muitas vezes, não consegue evitar o pior.

 

Dados divulgados a 1 de abril pelo Ministério da Cultura em Kiev revelam "135 episódios de crimes de guerra de tropas russas contra o património cultural da Ucrânia" até 31 de março de 2022. "A lista do património cultural ucraniano destruído e danificado pelos ocupantes russos é considerável", e por isso "devem ser responsabilizados por todas estas atrocidades", afirmou em comunicado o ministro da Cultura, Alexander Tkachenko.

 

Entre os locais que não conseguiram escapar aos ataques, encontra-se o Museu de Arte de Kharkiv, que detém uma das coleções mais importantes do país. As janelas e portas do edifício ficaram danificadas, deixando 25 mil obras de arte sujeitas a temperaturas negativas. Outros espaços culturais da cidade também foram alvo de bombardeamentos.

 

No Museu de História Local de Ivankiv, podem ter-se perdido 25 obras da pintora ucraniana Maria Prymachenko, devido a um incêndio. O Teatro de Mariupol, que serviu de abrigo a centenas de pessoas, ficou em ruínas e o Memorial do Holocausto Babyn Yar, em Kiev, foi severamente danificado.

 

O balanço das perdas patrimoniais ainda é difícil de fazer. O facto de o país estar em guerra faz com que a informação seja controlada e escassa. Nos territórios ocupados, ainda não se consegue ter uma avaliação completa da situação.

 

Contudo, no início do mês, Lazare Eloundou, diretor do Centro do Património Mundial da Unesco, alertou que os centros históricos das cidades ucranianas "estão seriamente danificados, alguns dos quais com locais e monumentos que datam do século XI". O mesmo responsável da agência das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura revelava que há espaços culturais e museus danificados, "alguns com coleções no seu interior".

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