Notícia
Bali: Os deuses sabiam o que estavam a fazer
Perder-se em Ubud e absorver a sua espiritualidade, visitar templos hindus, observar os golfinhos no norte da ilha, fazer um curso de ioga ou apenas aproveitar o despertar dos sentidos. Tudo isto são momentos imperdíveis nesta ilha da Indonésia. Tão diferente e tão mais calma de todas as que a rodeiam, mas muito cativante. E com tanto para dar.
19 de Fevereiro de 2017 às 10:00
Poucos só estariam por estarem a criar um daqueles sítios completamente inesquecíveis, e onde, apesar do número crescente de turismo, a paz nos invade de forma quase inexplicável. Bali, a ilha dos deuses, é mais do que um santuário de surf ou de praias paradisíacas. Aliás, surpreenda-se ao ficar a saber que nem são das melhores do sudeste asiático. Não são das mais límpidas, tranquilas ou de temperatura mais elevada. Mas são, ainda assim, marcantes ao ponto de querermos voltar.
Pelas praias? Não! A Tailândia, a Malásia, as Filipinas e até o Cambodja têm águas mais quentes, de azul mais turquesa e areais mais finos. Será muito pelas pessoas, pela forma como encaram a vida, mas também pela natureza, diversificada e deslumbrante que existe em Bali. E pela tranquilidade.
Experimente a imperdível Ubud, onde a cultura da ilha pode ser absorvida como em poucos outros sítios. Estando ali perceberá tudo o que escrevi antes e que é tão pouco para "mostrar" Bali. Agarrar numa bicicleta e desbravar caminho será sempre uma opção a ter em conta e poderá fazê-lo, dependendo da sua condição física, até aos terraços de arroz de Tegalalang.
Ubud é um bom local para sentir a espiritualidade de Bali e, por isso, dificilmente encontrará sítio melhor para um workshop de ioga. Ou para fazer massagens, ou apenas para descansar junto à piscina e ler um bom livro. Pode acompanhar este momento, certamente sublime, com uma chávena de café kopi luwak, produzido nas ilhas indonésias de Bali, Sumatra, Sulawesi e Java. Não se arrepie por saber que é extraído dos excrementos da civeta - pois é também dos mais caros do mundo.
Estando nesta espécie de capital cultural da ilha, não deixe de visitar o mercado diário, onde pode comprar todo o tipo de artesanato e quadros a preços muito convidativos, nem de viver uma experiência única na "Floresta dos Macacos", um santuário destes animais e um templo hindu (a Indonésia é um país maioritariamente muçulmano, mas Bali diverge das ilhas "vizinhas" na religião). A propósito de macacos, siga as regras que lhe são dadas à entrada e não leve nada pendurado: podem tornar-se agressivos se "descobrirem" comida numa mochila… ou até se apanharem uns óculos, ou brincos, ou qualquer outro acessório saliente.
Por falar em espiritualidade, saiba que ao chegar a Bali entra numa dimensão diferente. É aos espíritos e por eles que os balineses todos os dias, faça chuva ou sol, preparam as canang saris, que mais não são do que oferendas em folhas de palmeira, onde existem alimentos simbólicos e que não podem faltar numa casa, como arroz, café, bolachas ou tabaco, acompanhadas do devido incenso. Os que são colocados no alto dos templos servem como agradecimento aos "espíritos bons", aqueles que vê no chão a toda a hora, mas especialmente de manhã e ao final do dia, são para apaziguar os "espíritos maus". Estão por todo o lado e o cheiro a incenso invade a ilha, mas no primeiro contacto com Bali vai sentir-se estranho ao ter que se desviar de todas as oferendas que são colocadas nas ruas, à porta de casa ou de estabelecimentos comerciais. Habitua-se facilmente.
O sol "põe-se" e o silêncio domina
Por esta altura já deve ter percebido que sou uma verdadeira apaixonada por Bali, mesmo sabendo que - diz-me a experiência - a ilha cresce todos os anos, recebe cada vez mais turistas e com isso crescem alguns crimes, sobretudo em zonas de festa e muitas bebidas alcoólicas, como Kuta. Pessoalmente é uma zona que não me cativa, mas que tem o seu encanto para milhares de turistas, sobretudo de faixa etária mais nova e com ligação forte ao surf.
Se quer conhecer os encantos de Bali, mas nunca perdendo a ligação à praia então parece-nos que Seminyak, ligeiramente a norte de Kuta, ou a mais exclusiva Nusa Dua são boas opções para uns momentos à beira-mar. Por falar nisso, aproveite um dia em Jimbaran e assista à metamorfose de uma praia quase vazia (dependendo das alturas do ano) e que ganha vida (e de que maneira!) antes do pôr-do-sol. Os primeiros sinais de agitação começam com a chegada das crianças da escola, que ali aproveitam para correr e jogar futebol. Ao mesmo tempo, os restaurantes enchem a beira-mar de mesas e cadeiras para acolher centenas de turistas que diariamente ali se deslocam invariavelmente para comer uma refeição de peixe, diante de um mar silencioso e de um sol a "cair" no horizonte.
Uma visita ao templo Tanah Lot faz parte de todos os guias de Bali. Pode tornar-se cansativo ao final do dia, de tantos turistas que se atropelam para ali ver o pôr-do-sol, mas o esforço compensa ou até pode optar por visitá-lo em qualquer outra altura. Este templo hindu, que apenas pode ser visitado por balineses, permite o acesso à sua base, mas, para que isso aconteça, terá que contar com a ajuda da maré: se estiver alta não consegue passar e a nado não é aconselhável.
O Pura Luhur Uluwatu é outro local de peregrinação turística e, como tal, conte com enchentes ao final do dia. Os macacos também ali são uma atracção, mas o "must see", uma vez mais, é o sol, ou o momento em que se despede, em cima da água.
E depois há… tudo o resto. E tudo o resto é tanto para ver, para desfrutar e sentir. O norte da ilha merece uma visita atempada e especial. É ali que pode ficar uns dias em Lovina e ver os golfinhos a brincarem na água. É ali que tem dos mais tranquilos templos hindus para visitar - Bedugul oferece-lhe "postais" únicos. É ali que vai viver o que Bali tem de melhor para lhe dar. Junte esta zona a Ubud, onde pode imaginar-se em parte do cenário criado por Elizabeth Gilbert e encenado por Julia Roberts, em "Comer, Orar e Amar" e terá, certamente, uma experiência para não mais esquecer, num cantinho abençoado pelos deuses. Ou não fosse a ilha deles.
Como ir
O aeroporto internacional situa-se em Denpasar, capital da ilha. É possível ali chegar através de qualquer um dos países do centro da Europa. Portugal ainda não tem ligações directas a Bali, mas existem várias opções para viajar até lá. Tudo depende do seu espírito e capacidade de resistência a grandes ligações aéreas e também ao factor financeiro.
Ao contrário do que pode imaginar, é possível chegar a Bali gastando à volta dos 600 euros. Como? Basta comprar uma viagem para Banguecoque, Kuala Lumpur ou Jacarta - hoje em dia é possível garantir estes destinos por 500 euros - e depois apostar numa low cost. A Air Asia, considerada há anos consecutivos como a companhia aérea de baixo custo de eleição dos viajantes independentes, pode oferecer-lhe voos para Denpasar a 100 euros, desde que os adquira com antecedência.
Moeda
rupia indonésia. 1€: 14.300 rupias
(Consulte sempre o câmbio actual. A moeda indonésia sofre fortes oscilações)
Visto
os cidadãos portugueses estão dispensados de visto desde que entrem por um dos cinco aeroportos mais importantes do país. Este visto é válido por 30 dias e os viajantes terão que ter, obrigatoriamente, passaporte válido por seis meses após a data de saída do país. Ao sair do país terá que pagar taxas de aeroporto, no valor de 2,80 euros (40 mil rupias) para voos domésticos e 10 euros (150 mil rupias) para voos internacionais. Se pretender ficar mais de 30 dias em Bali, ou qualquer outra região da Indonésia como turista, terá que pagar visto na Embaixada daquele país, em Lisboa. Aliás, dadas as muitas oscilações, recomenda-se sempre um contacto com este organismo (tel: 21 308804250).
Línguas
A língua estrangeira mais falada - e sem grande dificuldade na maioria dos locais - é o inglês. A língua oficial é o "bahasa indonesia", mas existem vários dialectos.
Comida
Deixar Bali sem comer (e repetir!) o "Nasi Campur" é quase pecaminoso. A base deste prato, claro, é o arroz. A propósito, experimente uma refeição com arroz preto, de preço mais elevado, e que em Bali é muito usado em ocasiões festivas. O ideal para ter noção do verdadeiro espírito da ilha é sentar-se para comer num "warung", que é um pequeno restaurante de gestão familiar: é mais fácil encontrá-los saindo das zonas mais turísticas.
Pelas praias? Não! A Tailândia, a Malásia, as Filipinas e até o Cambodja têm águas mais quentes, de azul mais turquesa e areais mais finos. Será muito pelas pessoas, pela forma como encaram a vida, mas também pela natureza, diversificada e deslumbrante que existe em Bali. E pela tranquilidade.
Ubud é um bom local para sentir a espiritualidade de Bali e, por isso, dificilmente encontrará sítio melhor para um workshop de ioga. Ou para fazer massagens, ou apenas para descansar junto à piscina e ler um bom livro. Pode acompanhar este momento, certamente sublime, com uma chávena de café kopi luwak, produzido nas ilhas indonésias de Bali, Sumatra, Sulawesi e Java. Não se arrepie por saber que é extraído dos excrementos da civeta - pois é também dos mais caros do mundo.
Estando nesta espécie de capital cultural da ilha, não deixe de visitar o mercado diário, onde pode comprar todo o tipo de artesanato e quadros a preços muito convidativos, nem de viver uma experiência única na "Floresta dos Macacos", um santuário destes animais e um templo hindu (a Indonésia é um país maioritariamente muçulmano, mas Bali diverge das ilhas "vizinhas" na religião). A propósito de macacos, siga as regras que lhe são dadas à entrada e não leve nada pendurado: podem tornar-se agressivos se "descobrirem" comida numa mochila… ou até se apanharem uns óculos, ou brincos, ou qualquer outro acessório saliente.
Por falar em espiritualidade, saiba que ao chegar a Bali entra numa dimensão diferente. É aos espíritos e por eles que os balineses todos os dias, faça chuva ou sol, preparam as canang saris, que mais não são do que oferendas em folhas de palmeira, onde existem alimentos simbólicos e que não podem faltar numa casa, como arroz, café, bolachas ou tabaco, acompanhadas do devido incenso. Os que são colocados no alto dos templos servem como agradecimento aos "espíritos bons", aqueles que vê no chão a toda a hora, mas especialmente de manhã e ao final do dia, são para apaziguar os "espíritos maus". Estão por todo o lado e o cheiro a incenso invade a ilha, mas no primeiro contacto com Bali vai sentir-se estranho ao ter que se desviar de todas as oferendas que são colocadas nas ruas, à porta de casa ou de estabelecimentos comerciais. Habitua-se facilmente.
O sol "põe-se" e o silêncio domina
Por esta altura já deve ter percebido que sou uma verdadeira apaixonada por Bali, mesmo sabendo que - diz-me a experiência - a ilha cresce todos os anos, recebe cada vez mais turistas e com isso crescem alguns crimes, sobretudo em zonas de festa e muitas bebidas alcoólicas, como Kuta. Pessoalmente é uma zona que não me cativa, mas que tem o seu encanto para milhares de turistas, sobretudo de faixa etária mais nova e com ligação forte ao surf.
Se quer conhecer os encantos de Bali, mas nunca perdendo a ligação à praia então parece-nos que Seminyak, ligeiramente a norte de Kuta, ou a mais exclusiva Nusa Dua são boas opções para uns momentos à beira-mar. Por falar nisso, aproveite um dia em Jimbaran e assista à metamorfose de uma praia quase vazia (dependendo das alturas do ano) e que ganha vida (e de que maneira!) antes do pôr-do-sol. Os primeiros sinais de agitação começam com a chegada das crianças da escola, que ali aproveitam para correr e jogar futebol. Ao mesmo tempo, os restaurantes enchem a beira-mar de mesas e cadeiras para acolher centenas de turistas que diariamente ali se deslocam invariavelmente para comer uma refeição de peixe, diante de um mar silencioso e de um sol a "cair" no horizonte.
Uma visita ao templo Tanah Lot faz parte de todos os guias de Bali. Pode tornar-se cansativo ao final do dia, de tantos turistas que se atropelam para ali ver o pôr-do-sol, mas o esforço compensa ou até pode optar por visitá-lo em qualquer outra altura. Este templo hindu, que apenas pode ser visitado por balineses, permite o acesso à sua base, mas, para que isso aconteça, terá que contar com a ajuda da maré: se estiver alta não consegue passar e a nado não é aconselhável.
O Pura Luhur Uluwatu é outro local de peregrinação turística e, como tal, conte com enchentes ao final do dia. Os macacos também ali são uma atracção, mas o "must see", uma vez mais, é o sol, ou o momento em que se despede, em cima da água.
E depois há… tudo o resto. E tudo o resto é tanto para ver, para desfrutar e sentir. O norte da ilha merece uma visita atempada e especial. É ali que pode ficar uns dias em Lovina e ver os golfinhos a brincarem na água. É ali que tem dos mais tranquilos templos hindus para visitar - Bedugul oferece-lhe "postais" únicos. É ali que vai viver o que Bali tem de melhor para lhe dar. Junte esta zona a Ubud, onde pode imaginar-se em parte do cenário criado por Elizabeth Gilbert e encenado por Julia Roberts, em "Comer, Orar e Amar" e terá, certamente, uma experiência para não mais esquecer, num cantinho abençoado pelos deuses. Ou não fosse a ilha deles.
Como ir
O aeroporto internacional situa-se em Denpasar, capital da ilha. É possível ali chegar através de qualquer um dos países do centro da Europa. Portugal ainda não tem ligações directas a Bali, mas existem várias opções para viajar até lá. Tudo depende do seu espírito e capacidade de resistência a grandes ligações aéreas e também ao factor financeiro.
Ao contrário do que pode imaginar, é possível chegar a Bali gastando à volta dos 600 euros. Como? Basta comprar uma viagem para Banguecoque, Kuala Lumpur ou Jacarta - hoje em dia é possível garantir estes destinos por 500 euros - e depois apostar numa low cost. A Air Asia, considerada há anos consecutivos como a companhia aérea de baixo custo de eleição dos viajantes independentes, pode oferecer-lhe voos para Denpasar a 100 euros, desde que os adquira com antecedência.
Moeda
rupia indonésia. 1€: 14.300 rupias
(Consulte sempre o câmbio actual. A moeda indonésia sofre fortes oscilações)
Visto
os cidadãos portugueses estão dispensados de visto desde que entrem por um dos cinco aeroportos mais importantes do país. Este visto é válido por 30 dias e os viajantes terão que ter, obrigatoriamente, passaporte válido por seis meses após a data de saída do país. Ao sair do país terá que pagar taxas de aeroporto, no valor de 2,80 euros (40 mil rupias) para voos domésticos e 10 euros (150 mil rupias) para voos internacionais. Se pretender ficar mais de 30 dias em Bali, ou qualquer outra região da Indonésia como turista, terá que pagar visto na Embaixada daquele país, em Lisboa. Aliás, dadas as muitas oscilações, recomenda-se sempre um contacto com este organismo (tel: 21 308804250).
Línguas
A língua estrangeira mais falada - e sem grande dificuldade na maioria dos locais - é o inglês. A língua oficial é o "bahasa indonesia", mas existem vários dialectos.
Comida
Deixar Bali sem comer (e repetir!) o "Nasi Campur" é quase pecaminoso. A base deste prato, claro, é o arroz. A propósito, experimente uma refeição com arroz preto, de preço mais elevado, e que em Bali é muito usado em ocasiões festivas. O ideal para ter noção do verdadeiro espírito da ilha é sentar-se para comer num "warung", que é um pequeno restaurante de gestão familiar: é mais fácil encontrá-los saindo das zonas mais turísticas.