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Lura: "O dom da voz mudou a minha vida – diria até que me salvou”

Foi sempre fã do Michael Jackson e sonhava ser bailarina. “Cantora, nunca tal me passou pela cabeça”. Mas um dia descobriu a sua voz e nunca mais a largou. Há 27 anos, lançou o primeiro álbum, o “Nha Vida” – um disco que Cesária Évora ouviu e que haveria de unir as duas mulheres em casa da “diva dos pés descalços”. “Multicolor” é o seu mais recente disco. Celebra as diferentes cores que Lura tem.
Lúcia Crespo e Pedro Catarino - Fotografia 07 de Outubro de 2023 às 11:00

Quando era pequena, Lura ouvia os carros a passar na estrada e sonhava que um dia, tal como os carros, também ela iria para outro lugar. Crescer num bairro social é partir para a vida em desvantagem. Foi com a voz que Lura desafiou esse carimbo. Há 27 anos, a cantora portuguesa, filha de pais cabo-verdianos, lançou o primeiro álbum, o "Nha Vida". Um disco que Cesária Évora ouviu e que haveria de unir as duas mulheres em casa da "diva dos pés descalços" num jantar feito de percebes gigantes e de outras iguarias. Cesária Évora é, claro, uma das grandes referências de Lura, ela que se rendeu também à força das batucadeiras.

Toda essa energia está, por exemplo, no tema "Força di Mujder" do seu novo álbum. "Multicolor", que será apresentado dia 13 de outubro no CCB, é um disco que canta as diferentes cores que Lura tem. "Chamaram-me preta, mulata, cabrita. Sou crioula, sou Lisboa, sou do fado e funaná… Chamaram-me preta, mulata, cabrita, já nem sei quantos nomes me dão… eu sou africana, crioula, portuguesa".



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