Notícia
ARCOlisboa e Just LX fixam-se na mediania
Presas por falhas estruturais, as duas feiras anuais de arte mais importantes para o mercado nacional não conseguem impor-se como decisivas e fundamentais.
26 de Maio de 2018 às 09:00
Sendo os dois mais importantes eventos anuais do mercado de arte nacional, as feiras ARCOlisboa e Just LX, realizadas no passado fim-de-semana, merecem uma análise cuidada. Por motivos diferentes, as duas feiras não conseguiram sair da mediania de oferta.
Começando pela ARCO, esta encerrou-se, antes de tudo o mais, na mediania da oferta nacional. O mercado tem permanecido numa dinâmica baixa, muito por acção tímida da procura, o que faz com que seja difícil obter financiamento para a execução de projectos ambiciosos por parte dos criadores. O que se viu no espaço da feira foi, em geral, e com algumas excepções, um conjunto de obras pouco interessantes, e demasiado estandardizadas em todas as disciplinas da arte.
Ao mesmo tempo, a renovação de obras é muito limitada, o que fez com que muitos agentes da oferta trouxessem trabalhos que já tinham exibido na feira do ano anterior, como também trabalhos que pertencem há anos ao acervo de artistas e galeristas. A juntar a isto, os agentes da oferta insistiram na mesma política de preços do ano passado, isto é, inflacionada, e em muitos casos desajustada do real valor de mercado dos criadores e das peças.
Será curioso ver o balanço financeiro da ARCO, se os responsáveis da feira publicarem, o que nunca fizeram até agora, os resultados das vendas.
A Just LX não saiu da mediania por razões diferentes. A feira realizou-se num espaço muito engraçado, as oficinas de tipografia do Museu da Carris, e a organização escolhida, cubículos abertos, foi também bem feita, já que dava um ar de informalidade e fácil acesso, muito "cool", com espírito de uma feira alternativa. O conjunto de galerias escolhidas foi também resultado de uma boa edição. Estiveram em exibição boas peças alternativas em papel, tela, escultura, vídeo, e de técnica mista, e algumas delas eram realmente originais, cativantes, e fruto de trabalho árduo. A política de preços foi também cuidadosa e eficaz, com o conjunto dominante de obras a situar-se entre os 1000 e os 3000 euros.
Onde a Just LX falhou foi na edição das obras apresentadas. Ao lado do grupo maioritário de obras cativantes, existiam várias de qualidade baixa e de investimento laboral diletante, que acabavam por criar algum ruído e perturbação ao visitante. Assim, as edições deste ano da ARCOlisboa e da Just LX não conseguiram consagrar estas feiras como destino obrigatório. Devem ser alvo de visita, mas o investidor e o amante sérios de arte irão sempre fazer os dois circuitos com alguma distância e despreocupação. Certamente os responsáveis das feiras irão estar atentos a estes factores de mediania.
Nota ao leitor: Os bens culturais, também classificados como bens de paixão, deixaram de ser um investimento de elite, e a designação inclui hoje uma panóplia gigantesca de temas, que vão dos mais tradicionais, como a arte ou os automóveis clássicos, a outros totalmente contemporâneos, como são os têxteis, o mobiliário de design ou a moda. Ao mesmo tempo, os bens culturais são activos acessíveis e disputados em mercados globais extremamente competitivos. Semanalmente, o Negócios irá revelar algumas das histórias fascinantes relacionadas com estes mercados, partilhando assim, de forma independente, a informação mais preciosa.
Começando pela ARCO, esta encerrou-se, antes de tudo o mais, na mediania da oferta nacional. O mercado tem permanecido numa dinâmica baixa, muito por acção tímida da procura, o que faz com que seja difícil obter financiamento para a execução de projectos ambiciosos por parte dos criadores. O que se viu no espaço da feira foi, em geral, e com algumas excepções, um conjunto de obras pouco interessantes, e demasiado estandardizadas em todas as disciplinas da arte.
Será curioso ver o balanço financeiro da ARCO, se os responsáveis da feira publicarem, o que nunca fizeram até agora, os resultados das vendas.
A Just LX não saiu da mediania por razões diferentes. A feira realizou-se num espaço muito engraçado, as oficinas de tipografia do Museu da Carris, e a organização escolhida, cubículos abertos, foi também bem feita, já que dava um ar de informalidade e fácil acesso, muito "cool", com espírito de uma feira alternativa. O conjunto de galerias escolhidas foi também resultado de uma boa edição. Estiveram em exibição boas peças alternativas em papel, tela, escultura, vídeo, e de técnica mista, e algumas delas eram realmente originais, cativantes, e fruto de trabalho árduo. A política de preços foi também cuidadosa e eficaz, com o conjunto dominante de obras a situar-se entre os 1000 e os 3000 euros.
Onde a Just LX falhou foi na edição das obras apresentadas. Ao lado do grupo maioritário de obras cativantes, existiam várias de qualidade baixa e de investimento laboral diletante, que acabavam por criar algum ruído e perturbação ao visitante. Assim, as edições deste ano da ARCOlisboa e da Just LX não conseguiram consagrar estas feiras como destino obrigatório. Devem ser alvo de visita, mas o investidor e o amante sérios de arte irão sempre fazer os dois circuitos com alguma distância e despreocupação. Certamente os responsáveis das feiras irão estar atentos a estes factores de mediania.
Nota ao leitor: Os bens culturais, também classificados como bens de paixão, deixaram de ser um investimento de elite, e a designação inclui hoje uma panóplia gigantesca de temas, que vão dos mais tradicionais, como a arte ou os automóveis clássicos, a outros totalmente contemporâneos, como são os têxteis, o mobiliário de design ou a moda. Ao mesmo tempo, os bens culturais são activos acessíveis e disputados em mercados globais extremamente competitivos. Semanalmente, o Negócios irá revelar algumas das histórias fascinantes relacionadas com estes mercados, partilhando assim, de forma independente, a informação mais preciosa.