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A reforma não pode esperar

Rita, Pedro, Henriqueta, Pamela e Scott deixaram o mundo corporativo para entrarem numa espécie de reforma muito antecipada. Quando arrumaram as “botas do trabalho” tinham entre 44 e 61 anos. Alguns foram obrigados a mudar de vida por questões de saúde, outros fizeram poupanças e investimentos que lhes permitiram dedicar-se às suas paixões. Esta é a filosofia do movimento FIRE (Financial Independence, Retire Early), que está a ganhar cada vez mais adeptos a nível internacional.
Filipa Lino 06 de Outubro de 2023 às 11:00

Rita, Pedro, Henriqueta, Pamela e Scott deixaram o mundo corporativo para entrarem numa espécie de reforma muito antecipada. Quando arrumaram as "botas do trabalho" tinham entre 44 e 61 anos. Alguns foram obrigados a mudar de vida por questões de saúde, outros fizeram poupanças e investimentos que lhes permitiram dedicar-se às suas paixões. Esta é a filosofia do movimento FIRE (Financial Independence, Retire Early), que está a ganhar cada vez mais adeptos a nível internacional. A ideia é a pessoa viver os primeiros anos da carreira de forma frugal e poupar "agressivamente" para investir o dinheiro e conquistar a independência financeira em 15 ou 20 anos. Em Portugal, só quem tem salários muito acima da média consegue realizar este sonho.


"Vamos ficar pobres?" A pergunta de Teresa, de 11 anos, era pertinente. A mãe, Rita Piçarra, acabara de comunicar que iria "reformar-se" aos 44 anos. A ex-diretora financeira da Microsoft Portugal fez uma carreira internacional e durante anos preparou-se monetariamente para sair cedo da vida corporativa e poder dedicar-se àquilo que de facto gostava de fazer. Tranquilizou a filha e garantiu-lhe que na "nova vida" não só teriam tudo o que precisavam como haveria mais tempo para a família.

Rita foi poupando e investindo em ações e no setor imobiliário. "Tenho casas arrendadas que me dão um rendimento mensal, que cobre os meus custos." Ir trabalhar para fora foi "uma grande alavancagem" neste propósito de vida, admite. Isso permitiu-lhe crescer na carreira e auferir salários mais elevados.

O objetivo de "reformar-se" cedo surgiu por causa de um episódio trágico na família. O pai era bancário e faleceu em 2006, vítima de um ataque cardíaco, na faixa dos 50 anos. "Eu tinha 27 anos e percebi que me poderia acontecer o mesmo e que teria de aproveitar a vida enquanto cá estivesse, porque poderia não ser assim tanto tempo".

Nessa altura, decidiu mudar o seu plano de vida. "Queria crescer dentro da organização, mas só até aos 50 anos". Para isso, "comecei a poupar ainda mais afincadamente e a levar uma vida sem tantos gastos. Depois, com a valorização do mundo tecnológico e do imobiliário, consegui antecipar a meta para os 44 anos".

Rita Piçarra, ex-diretora financeira da Microsoft Portugal, reformou-se aos 44 anos. Preparou-se monetariamente para sair cedo da vida corporativa e poder dedicar-se àquilo que de facto gostava de fazer. O surf é uma das suas paixões. Está a escrever um livro para contar a sua história.


Agora, o seu ritmo de vida é muito diferente. "O que me deu mais alento nesta decisão foi saber que iria finalmente conseguir dedicar-me a tudo aquilo que tinha adiado na minha vida: surfar, estar na praia, ter mais tempo com a família, pintar, fazer trabalho manuais, ter aulas de skate...".

A sua história causou "frisson" depois de ter participado no podcast "O CEO é o limite" do jornal Expresso. Tem sido muito requisitada para palestras, mesas redondas, conferências e aulas. Foi também convidada para escrever um livro, e já vai no quarto capítulo. "Quero fazer coisas que realmente me dão energia positiva e felicidade. Sempre adorei falar em público e ajudar pessoas, passar informação". Por isso, uma parte do seu futuro vai passar por essa vertente da comunicação, revela.

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