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Falência cria gigante nos EUA 130 anos depois

As acções do sector petrolífero que mais se destacam no "boom" do xisto dos EUA pertencem a uma empresa que nunca extraiu um único barril de petróleo.

Bloomberg
20 de Maio de 2018 às 13:00
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As acções da Texas Pacific Land Trust, um banco de terras cotado em bolsa que foi criado a partir da recuperação judicial de uma empresa ferroviária há mais de um século, subiram mais de 2.200% desde 2010 e superaram o desempenho das acções de produtores, empresas de serviços e prospectores de petróleo de xisto. Agora a companhia vale mais de  cinco mil milhões de dólares.

 

O segredo: enormes áreas de direitos de mineração na bacia do Permiano, a região petrolífera de grande dimensão mais badalada do mundo, que lhe rendem receita de empresas como a Chevron, que precisam pagar ao fundo quando produzem nas suas terras.

 

"Estas acções estiveram anos fora do radar", afirmou Eric Marshall, gestor de um fundo em Dallas da Hodges Capital Management, uma das primeiras investidoras e uma das cinco principais accionistas, segundo dados compilados pela Bloomberg. "A verdadeira actividade no Permiano hoje é realizada nas áreas onde eles têm a maior parte dos terrenos."

 

Fruto da falência

Como muitas histórias de sucesso nos EUA, a Texas Pacific começou com uma falência. Na era da expansão para o Oeste no século XIX, a Texas and Pacific Railway tentou construir uma ferrovia de Marshall, no seu estado natal, até San Diego. Uma licença federal concedeu terras à empresa para construir a linha, mas após atrasos e dificuldades financeiras, a empresa entrou com um pedido de recuperação judicial por volta de 1880.

 

Cerca de 1,41 milhões de hectares, uma área do tamanho de Connecticut, foram entregues aos detentores de títulos, colocados num fundo para serem vendidas ao longo do tempo, e o dinheiro arrecadado destinava-se a pagar as dívidas aos credores. O instrumento entrou na bolsa de Nova Iorque em 1927 para recomprar acções e pagar dividendos cada vez que as terras fossem vendidas, com o objectivo final de se liquidar.

 

Nos primeiros 100 anos, no entanto, grande parte das terras ensolaradas no oeste do Texas foi mais atraente para cães e lagartos do que para compradores com dinheiro na mão. E, após mais de um século, o fundo ainda conserva quase 364.000 hectares – e, o mais importante, direitos de mineração.

 

A revolução do xisto em meados da década de 2000 transformou esta terra desprezada, que fica em alguns dos condados menos populosos dos EUA, em imóveis "premium".

 

O ano passado "foi o de maior sucesso para a Trust nos seus 130 anos de história", segundo o seu relatório anual. A receita bruta mais que duplicou em comparação com o ano anterior e chegou a 132,4 milhões de dólares. O primeiro trimestre de 2018 também foi um sucesso, e a receita e os lucros voltaram a duplicar.

 

O CEO Tyler Glover, que, segundo o relatório anual, tem 33 anos de idade, e o director financeiro Robert Packer, de 48 anos, não responderam a mensagens telefónicas nem a e-mails com pedidos de comentários. Nenhum analista de Wall Street acompanha a empresa, que não realiza conferências de apresentação de resultados.

 

(Texto original: The 130-Year-Old Bankruptcy That Created a $5 Billion Oil Giant)

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