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Euforia com as bolsas dos EUA começa a ser preocupante

O otimismo não chega a ser indefensável. Dados da economia global sugerem que o pior já passou e a força do mercado de trabalho deve sustentar os gastos do consumidor nos EUA.

reuters
21 de Dezembro de 2019 às 12:19
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Os investidores individuais estão a correr de volta para ativos de risco. Os extremamente ricos não querem ficar de fora. O posicionamento em fundos mútuos de referência quase nunca expressou tanto otimismo. E isto num período em que o S&P500 subiu 11% em menos de três meses.

 

O entusiasmo com as bolsas é música para os ouvidos de corretores e gestores de ações. Mas para quem teme a unanimidade, este entusiasmo preocupa.

 

"Os investidores entram na onda, aproveitam a subida convencem-se de que vai continuar assim para sempre", alerta Aron Pataki, gestor de carteiras da Newton Investment Management, que supervisiona 62 mil milhões de dólares. "Normalmente há euforia antes dos recuos."

 

Não que o entusiasmo não se justifique. O S&P 500 acumula uma subida de 30% este ano, incluindo dividendos.

 

A sondagem do BofA Global Research junto de gestores de fundos, divulgada a 17 de dezembro, mostra que o otimismo segue firme. As projeções para o crescimento económico global tiveram o maior acréscimo desde que há registo, enquanto as alocações dos investidores em ações subiram para o nível mais elevado no espaço de um ano. Paralelamente, a sondagem concluiu que o posicionamento em instrumentos de altíssima liquidez é o menor em seis anos.

 

Uma análise da RBC Capital Markets junto de investidores institucionais em dezembro também mostra que o otimismo está a transbordar. A percentagem de entrevistados que se declara pessimista caiu para 15%, a menor desde o terceiro trimestre de 2018, quando o S&P 500 iniciou um movimento de queda de 19,8%. Ao mesmo tempo, os que estão empolgados avolumaram-se e a diferença entre otimistas e pessimistas é a maior desde que a RBC começou a recolher os dados.

 

O posicionamento entre investidores táticos de fundos mútuos está a aproximar-se de patamares extremos. Jason Goepfert, presidente da Sundial Capital Research, acompanha a família de fundos Rydex e conta que os operadores que usam os produtos "quase nunca foram tão otimistas". A pontuação de um indicador composto de diferentes posicionamentos em Rydex encontra-se entre as 4% mais elevadas do último quarto de século.

 

Dados da Bloomberg Intelligence mostram um entusiasmo crescente também na indústria de fundos negociados em bolsa (ETFs, na sigla em inglês), que movimenta 4 biliões de dólares. Ao longo do ano, a entrada de recursos nos ETFs de renda fixa superou os fluxos para ETFs de renda variável, mas isso mudou. No quarto trimestre, os ETFs de ações atraíram 75 mil milhões de dólares, mais que o dobro do que entrou em fundos de renda fixa.

 

O otimismo não chega a ser indefensável. Dados da economia global sugerem que o pior já passou e a força do mercado de trabalho deve sustentar os gastos do consumidor nos EUA. O banco central americano prometeu manter os juros inalterados após três cortes este ano e tem ampliado o seu balanço patrimonial toda semana.

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