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Estrangeiros venderam mais de mil milhões de dólares em acções sauditas após desaparecimento de jornalista
Dados revelados pela Reuters mostram que a deterioração das relações entre a Arábia Saudita e o Ocidente levou a um dos maiores sell-off no mercado de acções desde que este se abriu ao investimento estrangeiro, em meados de 2015.
Os investidores estrangeiros desfizeram-se de 1,07 mil milhões de dólares (cerca de 929 milhões de euros) em acções da Arábia Saudita na semana que terminou a 18 de Outubro, avança a Reuters. Este valor representa um dos maiores ‘sell-off’ desde que o mercado se abriu ao investimento directo estrangeiro em meados de 2015.
Este movimento de saída das acções da Arábia Saudita aconteceu numa semana em que os investidores ficaram receosos com a deterioração das relações do reino com outros governos estrangeiros, na sequência do desaparecimento do jornalista Jamal Khashoggi, visto pela última vez a entrar no consulado da Arábia Saudita em Istambul, na Turquia, no início deste mês.
Este domingo, o ministro saudita dos Negócios Estrangeiros, Adel al-Jubeir (na foto), afirmou que as autoridades do reino não sabem detalhes sobre a forma como o jornalista foi morto no consulado nem onde se encontra o seu corpo.
Numa entrevista à Fox News, Adel al-Jubeir explicou que Khashoggi foi abordado por uma "equipa de segurança saudita" quando entrou no consulado e que a versão dessa equipa sobre o que aconteceu a seguir difere da história contada pelos oficiais turcos, o que levou os sauditas a investigar.
"Ele foi morto no consulado. Não sabemos detalhes da forma como aconteceu. Não sabemos onde está o corpo", disse Jubeir. "Estamos determinados a descobrir tudo. Estamos determinados a puniros responsáveis por este assassinato".
Jubeir foi o primeiro oficial saudita a falar publicamente desde que os sauditas admitiram no sábado que Khashoggi está morto.
Os dados avançados pela Reuters mostram que os investidores estrangeiros venderam 5 mil milhões de riais (cerca de 1,15 mil milhões de euros) em acções e compraram 991,3 milhões. "O mercado começou a incorporar uma relação diferente entre os Estados Unidos e a Arábia saudita", explicou Jaap Meijer, director de equity research na Arqaam Capital, em declarações à Reuters.
Ainda assim, acrescenta, "acreditamos que os EUA vão manter a Arábia Saudita como um aliado próximo, dada (entre outras coisas) a importância do reino na região do Médio Oriente e dado que é o produtor de 10% do fornecimento mundial de petróleo".