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Arábia Saudita preparada para responder de forma "ainda mais dura” aos EUA

O caso do desaparecimento de um colunista do Washington Post está a fazer escalar a tensão entre os EUA e a Arábia Saudita. Donald Trump defende que, se o país estiver por detrás do desaparecimento, a Arábia Saudita deve ser punido. Já a Arábia está pronta para responder de forma ainda mais dura”.

Mohammed bin Salman esteve na Casa Branca a 20 de Março Reuters
14 de Outubro de 2018 às 17:27
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A tensão entre a Arábia Saudita e os EUA está a aumentar devido ao desaparecimento de Jamal Khashoggi, um colunista do Washington Post, que é crítico do regime saudita. O tom está a escalar, tendo levado, inclusivamente, a bolsa da Arábia Saudita a afundar mais de 7% durante a sessão, o que corresponde à maior descida desde 2014.

 

O presidente dos EUA, Donald Trump, defendeu, numa entrevista ao "60 Minutes" da CBS, uma "punição severa" caso a Arábia Saudita esteja relacionada com o desaparecimento de Jamal Khashoggi.

 

A última vez que Jamal Khashoggi foi visto foi a entrar no consulado da Arábia Saudita, em Istambul, no dia 2 de Outubro. A ida ao consulado tinha como objectivo ir buscar documentos para o seu casamento.

 

Num excerto da entrevista, que só será transmitida na íntegra este domingo à noite, Donald Trump diz que se se confirmar este envolvimento os EUA "ficariam muito chateados e zangados se for este o caso." O presidente americano defendeu que os EUA podem tomar "medidas muito, muito poderosas, muito fortes" contra o país caso se conclua que o regime foi responsável pelo destino de Khashoggi.

 

A Arábia Saudita já deixou claro que vai usar a sua influência no mundo para retaliar contra qualquer medida punitiva. Esta posição foi assumida depois de Donald Trump ter ameaçado punir o maior exportador de petróleo do mundo devido ao desaparecimento de um colunista do Washington Post, crítico do regime.

 

"O reino enfatiza que vai responder a qualquer medida contra si com uma medida ainda mais dura", de acordo com um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros, citado pela Bloomberg. "A economia do reino tem uma influência e um papel vital na economia mundial", salienta o mesmo documento.

 

O Washington Post noticiou que as autoridades turcas têm gravações áudio e vídeo que mostram uma equipa de segurança saudita a deter o colunista no consulado, antes de o matarem e desmembrarem o corpo.

 

Já os responsáveis sauditas dizem que Jamal Khashoggi saiu do consulado ileso.

 

"Se houver sanções dos EUA à Arábia Saudita, enfrentaremos um desastre económico que vai assolar todo o mundo", salientou Turki Al Dakhil, responsável pela rede de notícias Arabiya (estatal), num artigo de opinião. Salientando que a primeira coisa a ressentir-se deste contexto será o petróleo. "Se o presidente Trump estava zangado com o petróleo nos 80 dólares, ninguém pode descartar que o preço dispare para 10 e 200 dólares por barril ou, quem sabe, suplique este valor", acrescentou o mesmo responsável, citado pela Bloomberg.

 

O mercado accionista da Arábia Saudita reagiu de imediato à tensão latente. O índice Tadawul chegou a afundar 7%, naquela que é a maior descida desde 2014. Durante a sessão de segunda-feira – a diferença horária faz com que nesta altura a sessão de segunda-feira já tenha inclusivamente fechado - as quedas foram aligeirando-se e o índice terminou com uma queda de 3,51% para 7.266,59 pontos. A bolsa da Arábia Saudita atingiu o valor mais baixo desde Dezembro de 2017.

 

A troca de ameaças marca um ponto de mudança na relação entre os dois países, salienta a Bloomberg, que recorda que a relação entre Donald Trump e o príncipe Mohammad bin Salman tem sido amigável, com acordos de milhares de milhões de dólares em investimentos e armas entre os dois países.

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