Notícia
Cacau em máximos de cinco anos
Motim do exército da Costa do Marfim já dura há quatro dias e faz disparar preço desta commodity.
O cacau estendeu o seu maior ganho semanal em cinco anos depois de anunciado que as negociações entre os comandantes e os soldados do Exército da Costa do Marfim – o maior produtor mundial desta commodity - fracassaram.
Os contractos de futuros do cacau valorizaram 4,4%, na negociação em Londres esta segunda-feira, dia 15 de Maio, depois de terem subido 7,4% na semana passada, para máximos de Janeiro de 2012.
O conflito na Costa do Marfim (responsável por 42% da produção mundial do cacau) foi desencadeado, precisamente, por causa do cacau. O presidente daquele país, Alassane Ouattra, anunciou quinta-feira a suspensão de um bónus salarial este ano, devido à queda dos preços da matéria-prima. O país apresentou o mês passado um orçamento rectificativo por causa da queda dos preços do cacau, o produto que mais exporta e sob o qual assenta grande parte da economia. Uma queda que, de acordo com o Executivo, limita a possibilidade de aumentar os salários este ano às forças armadas. Isto depois de o cacau ter caído 26% nos últimos 12 meses perante de um aumento da oferta - as chuvas melhoraram as colheitas na África Ocidental, que produz mais de dois terços do cacau do mundo em cada temporada. O aumento de produção significa que o mercado está a passar de um défice para o maior excedente em seis anos, de acordo com o Citigroup. Por outro lado, a procura está a diminuir, tanto nos EUA como na Europa. Estas são as maiores regiões compradoras e os consumidores têm procurado opções mais saudáveis.
A Costa do Marfim registou um dos mais rápidos crescimentos económicos mundiais no rescaldo de uma crise política que durou entre 2002 e 2011, com duas guerras civis. O principal exportador de cacau do mundo atraiu desde essa altura o interesse de muitos investidores internacionais e a economia da Costa do Marfim cresceu cerca de 10% entre 2011 e 2015, de acordo com dados do Banco Mundial.
De acordo com a Reuters, o conflito que opõe um grupo de soldados - ex-rebeldes que ajudaram o actual presidente a chegar ao poder - já terá feito, pelo menos, seis feridos e um morto. O epicentro dos motins, semelhantes aos que ocorreram em Janeiro, são na cidade de Bouaké, a segunda maior do país, que chegou a estar bloqueada.
O chefe de Estado já cedeu e anunciou que dará o bónus aos soldados, mas estes alegam que já não é suficiente e exigem agora aumentos e melhores condições de vida.
Conheça mais sobre as soluções de trading online da DeGiro.