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A redução das disparidades na participação na força de trabalho e no número de horas de trabalho tem potencial para impulsionar o PIB dos países da OCDE em 9,2% até 2060, acrescentando cerca de 0,23% ao crescimento médio anual, revela um novo relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico.
O relatório "Unir Forças para a Igualdade de Género: O que nos está a travar?" revela progressos em algumas áreas políticas, como a licença de paternidade, a transparência salarial, as oportunidades de trabalho flexíveis e uma maior representação das mulheres em cargos de liderança.
No entanto, continuam a existir grandes desafios, incluindo a necessidade de aumentar a participação das mulheres em áreas educativas que prometam melhores oportunidades de emprego, salários mais baixos para as mulheres do que para os homens, obstáculos ao empreendedorismo e ao trabalho independente para as mulheres, disparidades de género nos rendimentos ao longo da vida e nos rendimentos das pensões, a parte desproporcionada das mulheres nos cuidados não remunerados e nas tarefas domésticas e a sub-representação das mulheres na política e nos cargos de liderança governamental.
Mesmo nos países que têm estado na vanguarda da política de igualdade de género, as mulheres continuam a enfrentar barreiras e desvantagens em casa, no mercado de trabalho e na vida pública, afirma o relatório. As mulheres têm agora, em média, um nível de educação superior ao dos homens, mas continuam a estar sub-representadas em áreas educativas que prometem melhores oportunidades de emprego, como as ciências, a tecnologia, a engenharia e a matemática (STEM). Em média, em toda a OCDE, apenas um em cada cinco novos estudantes universitários em estudos de TIC era uma mulher (com base em dados de 2020).
"Embora as raparigas e as mulheres jovens tenham níveis de escolaridade mais elevados, os homens continuam a ter mais probabilidades de ter emprego, de ganhar mais em média, de ocupar cargos de decisão nos setores público e privado e de participar em atividades empresariais do que as mulheres", afirma o secretário-geral da OCDE, Mathias Cormann.
Taxas de emprego mais baixas, menos horas de trabalho por semana, segregação substancial do mercado de trabalho e tetos de vidro persistentes significam que as mulheres recebem salários mais baixos do que os homens. Quase 60% dos funcionários públicos são mulheres, mas estas representam menos de 40% dos gestores de emprego público. As mulheres também enfrentam obstáculos ao empreendedorismo e ao trabalho independente.
Em média, na OCDE, as mulheres também dedicam duas vezes mais tempo do que os homens aos cuidados não remunerados e às tarefas domésticas. Apesar dos progressos registados nos últimos anos, o relatório diz que é necessário envidar mais esforços em todos os países da OCDE, para garantir a igualdade de género, uma vez que as mulheres continuam a enfrentar desvantagens e barreiras na maioria das esferas da vida social e económica.
As crises recentes, incluindo a pandemia e a guerra na Ucrânia, apresentam novos desafios em matéria de igualdade de género que os países devem enfrentar através de políticas inovadoras, sendo as mulheres mais suscetíveis de sofrer consequências económicas e financeiras mais pesadas, como a pobreza energética, devido às disparidades entre homens e mulheres em matéria de poupanças e rendimentos, diz o relatório.
"Temos de intensificar os nossos esforços para colmatar as disparidades de género existentes e emergentes, o que ajudará a impulsionar o crescimento, a produtividade, a competitividade e a força, a resiliência e a sustentabilidade das nossas economias", defende Mathias Cormann.
A atenção dada às desigualdades entre homens e mulheres estendeu-se a mais domínios políticos, incluindo o investimento direto estrangeiro, o ambiente, a energia, a energia nuclear, o comércio e os transportes, nos quais, como refere o relatório, são necessários grandes progressos para colmatar as lacunas existentes. Isto exige também uma ação urgente para erradicar todas as formas de violência baseada no género, identificada pela maioria dos países da OCDE como a sua primeira prioridade para a igualdade entre homens e mulheres.