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A combinação de impactos climáticos severos com o crescimento rápido da população está a pressionar a capacidade dos governos de países mais afetados por estas duas condições fornecerem serviços básicos como comida e água e das sociedades se adaptarem às mudanças rápidas ambientais em curso. Tal acontece nos 80 países mais vulneráveis ao clima, onde a população está a crescer em média duas vezes mais do que a taxa global, conclui um novo relatório do Population Institute.
Na véspera do Dia Mundial da População, assinalado a 11 de julho, a ONG internacional publica o relatório "Vulnerabilidade Populacional e Climática", que demonstra conexões importantes entre o crescimento populacional e a capacidade de gestão de impactos das mudanças climáticas.
"As tendências populacionais afetam a nossa capacidade de lidar com a crise climática, mas é uma área que tende a ser negligenciada. O nosso relatório mostra exemplos de esforços inovadores, impactantes e multissetoriais que exemplificam como os desafios das mudanças climáticas, equidade de género e saúde e direitos reprodutivos podem ser enfrentados em conjunto", refere Kathleen Mogelgaard, presidente e CEO do Population Institute.
Uma das dimensões mais afetadas tem a ver com a desigualdade de género, incluindo a falta de acesso a planeamento familiar e a serviços de saúde reprodutiva. "Os países mais vulneráveis ??ao clima sofrem algumas das piores desigualdades de género, com direitos, oportunidades económicas e educacionais e acesso à saúde de mulheres e meninas reduzidos. A desigualdade de género prejudica a resiliência às mudanças climáticas e a capacidade de adaptação de indivíduos, famílias e comunidades no curto prazo, e também é um fator para o crescimento populacional contínuo que exacerba a vulnerabilidade climática a longo prazo", destaca o relatório.
Nos 80 países mais vulneráveis, o Índice de Desigualdade de Género médio é de 0,521. Em comparação, o valor nos EUA é de 0,179. "Uma vez que as mulheres tenham acesso a serviços de saúde e planeamento familiar e vejam reconhecidos os seus direitos, o próximo passo natural será estarem dispostas a participar na gestão de recursos naturais e atividades que geram rendimento", defende Ingrid Arias, diretora de desenvolvimento na Fundação para o Desenvolvimento Ecológico e de Conservação da Guatemala.
O relatório traça o perfil de iniciativas e políticas inovadoras nas Filipinas, Uganda, Nigéria, Guatemala e Estados Unidos, que, segundo os autores do relatório, devem ser replicadas e ampliadas.
Embora menos vulneráveis ??ao clima do que muitos países, os EUA têm um crescimento populacional desproporcionalmente mais rápido em lugares mais expostos a incêndios florestais, furacões e aumento do nível do mar, incluindo a Flórida e o Texas. Também neste país, aponta o relatório, as mulheres estão mais expostas a vulnerabilidades decorrentes de desastres climáticos, tanto a nível da saúde como de emprego.