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Portugal entre os países da UE onde população só cresceu por causa da imigração
Depois de uma interrupção no crescimento demográfico em 2020 e 2021, a população da União Europeia voltou a subir. Este crescimento, diz o Eurostat, deve-se aos fluxos migratórios. Em Portugal, o saldo migratório também compensou evolução negativa.
A população da União Europeia voltou a subir em 2023, depois de dois anos de decréscimo. Em janeiro de 2023 eram 448,4 milhões os habitantes, mais 2,7 milhões do que no início de 2022. Um crescimento que se justifica pelos movimentos migratórios pós-covid e pela chegada de ucranianos abrangidos pelo regime de proteção temporária nos Estados-membros da UE.
De acordo com os dados divulgados esta terça-feira, Dia Mundial da População, pelo Eurostat, o saldo migratório cobre a variação natural negativa da população europeia. Isto é, embora as mortes continuem a superar os nascimentos em território europeu, a população imigrante compensa essa diferença, levando a um aumento populacional.
Na Europa, esta é a realidade de Portugal (tal como o INE já adiantou em junho) e de outros 13 países dos 27. Neste lote, além dos portugueses, encontram-se a Bélgica, República Checa, Dinamarca, Alemanha, Estónia, Espanha, Letónia, Lituânia, Países Baixos, Áustria, Roménia, Eslovénia e Finlândia. Em território nacional, a migração foi responsável por um crescimento de 156 mil pessoas.
Os únicos que têm um aumento natural da população, além do crescimento positivo do saldo migratório, são a Irlanda, a França, o Chipre, o Luxemburgo, a Malta e a Suécia. A Grécia é o único país onde os dois indicadores seguem um rumo negativo. Na Bulgária, Croácia, Itália, Hungria, Polónia e Eslováquia, embora se tenha registado um saldo migratório positivo, o valor não foi suficiente para compensar a variação natural negativa da população.
2022 fica marcado por ter sido o ano, pelo menos desde 1960, com um maior crescimento da população migrante. No último ano, houve um crescimento de 4,1 migrantes por cada 1.000 pessoas. O fenómeno da migração na UE, refere o relatório do Eurostat, "aumentou consideravelmente a partir de meados da década de 1980 e foi o principal determinante do crescimento populacional desde a década de 1990" até aos dias que correm.
Demografia europeia em recuperação pós-Covid
Durante 2020 e 2021, a pandemia foi responsável pelos números negativos no crescimento da população e 2022 é o primeiro dos últimos três anos a registar crescimento. Na Europa nasceram 3,86 milhões de habitantes e morreram outros 5,1 milhões.
Os dados da Eurostat confirmam também os valores adiantados pelo INE em relação ao crescimento da população portuguesa — houve um aumento de 115 mil cidadãos e há, em 2023, perto 10,5 milhões de habitantes em território nacional. Nasceram 83 mil pessoas e morreram 124 mil. Um saldo negativo de cerca de 40 mil pessoas no crescimento natural do país.
No ano passado, informa o Eurostat, embora a população da UE como um todo tenha aumentado ligeiramente, a mudança não foi distribuída de forma uniforme, sendo que em sete dos 20 países a população caiu. Malta, República Checa e Irlanda foram os que mais cresceram e, na ponta oposta, surgem a Grécia, a Bulgária e a Polónia.
Em termos absolutos, Portugal fica na nona posição entre os que mais cresceram num indicador em que a Alemanha é líder. Os alemães registaram um aumento de 1,1 milhões de pessoas no país e são seguidos pela Espanha com 562 mil e pela República Checa, que viu a população crescer 310 mil pessoas.
A Itália, por outro lado, foi o país que registou a maior diminuição demográfica. De 2021 para 2022, registaram-se menos 179 mil habitantes em Itália. O penúltimo lugar é da Polónia, que tinha em 2022 menos 136 mil pessoas do que em 2021.
Na última década, a taxa de crescimento populacional foi diminuindo gradualmente. Por exemplo, na década de 60 teve um aumento médio de 3,0 milhões de pessoas, enquanto entre 2005 e 2022 o aumento médio foi de apenas 0,8 milhões.