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Uma nova ferramenta de inteligência artificial (IA) ajuda os supervisores financeiros, gestores de ativos e instituições financeiras a avaliar os planos de transição para a neutralidade carbónica das empresas.
Lançada pela WWF, em colaboração com a Universidade de Zurique e a Universidade de Oxford, a nova ferramenta ajudará os investidores a avaliar se os planos de transição das empresas são robustos e com metas baseadas na ciência, para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa (GEE) até 2050. Também será capaz de identificar se as empresas estão a fazer "greenwashing".
"O greenwashing ameaça a estabilidade financeira porque os investidores estão a confiar em alegações enganosas para avaliar os riscos de transição", refere Maud Abdelli, líder da Iniciativa de Regulamentação Financeira Verde da WWF. E acrescenta: "O financiamento da transição deve ter uma visão dinâmica e prospetiva, tendo em conta todos os setores, em especial as indústrias mais prejudiciais para o clima e o ambiente. Por conseguinte, é de importância crucial avaliar corretamente a credibilidade e a ambição dos planos de transição climática das empresas".
O projeto salienta a necessidade de avaliar cuidadosamente a ambição, a viabilidade e a credibilidade do plano de transição climática net zero de uma empresa, numa perspetiva de risco e vulnerabilidade de supervisão financeira. A ferramenta que automatizará e aumentará a análise dos planos de transição com base numa metodologia proposta está atualmente em desenvolvimento e estará brevemente disponível, seguindo a estrutura da ferramenta ChatReport.
A ferramenta está concebida para ser aplicada em grande escala para ajudar a identificar incoerências nos planos de transição e um possível branqueamento ecológico e "assinalar" as empresas cujos planos de transição carecem de ambição, viabilidade e credibilidade.
"Este quadro de indicadores de bandeira vermelha, que utiliza ferramentas de inteligência artificial, fornece uma ferramenta baseada em dados para avaliar cuidadosamente as alegações ambientais e climáticas das empresas, identificando particularmente as suspeitas de greenwashing para avaliações mais aprofundadas e envolvimento direto. É uma ferramenta de rastreio vital para automatizar o processo de identificação de potenciais alegações e declarações enganosas", explica Chiara Colesanti Senni, investigadora na Universidade de Zurique.
A WWG ressalta que o branqueamento ecológico das empresas representa uma séria ameaça para a estabilidade financeira e para a resiliência das empresas, dos investidores e do sistema financeiro na transição para uma economia de emissões nulas.
Tal conduz a uma má afetação do capital, a vias de descarbonização financeiramente mais arriscadas e mais dispendiosas, comprometendo a capacidade de os mercados avaliarem corretamente os riscos e recompensar a resiliência para lidar com as incertezas. Esta situação, por sua vez, pode afetar negativamente a economia mundial e as famílias, podendo mesmo levar a um aumento dos riscos de desemprego, sublinha.
O teste piloto com várias empresas decorre entre setembro e dezembro de 2023. Os resultados serão publicados no final do ano.