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A sustentabilidade tem sido considerada pelas empresas mais como uma questão de reputação do que como potenciador de rentabilização económica. Algo que está a mudar a par da acelerada transição climática e digital que o mundo tem um curso. Hoje, os modelos de negócios que põem a sustentabilidade no centro das suas estratégias são já reconhecidos como inovadores e geradores de receita, ao permitirem uma redução e custos por uma gestão otimizada e aumento de receitas por irem ao encontro do que o mercado está cada vez mais a pedir.
O Produto Interno Bruto (PIB) tem sido a unidade de medida que tem avaliado a riqueza de um país e, logo, das empresas nas últimas décadas. Algo que está prestes a mudar com a introdução do Sistema de Contabilidade Económica - Contabilidade do Ecossistema (SEEA EA, sigla em inglês), que valoriza o capital natural e os serviços de ecossistema como métrica de riqueza. Criado em março de 2021 pela Organização das Nações Unidas (ONU), introduz uma nova forma de medir índices sobre economia e ambiente, que vai ter repercussões por todo o tecido empresarial e cadeia de valor dos produtos produzidos num país. Não será só a riqueza gerada a métrica a considerar, mas todo o impacto dessa ação no meio ambiente. Os novos parâmetros deverão estar em cima da mesa para a tomada de decisões na Conferência Internacional sobre Mudança Climática, COP-26, a ter lugar em Glasgow, Escócia, em novembro deste ano. Não há, pois, volta a dar. Finanças rentáveis terão de ser finanças sustentáveis.
Transformação em finanças sustentáveis
Atualmente, segundo o Fórum Económico Mundial (FEM), as medições ESG atuais carecem de transparência e são principalmente sobre custos internos. Para atingir o objetivo da sociedade de sustentabilidade ecológica e justiça social, novas métricas de ESG devem ser desenvolvidas, entre as quais métricas "ESG externas", que meçam o impacto das empresas nas comunidades em que atuam.
São também necessárias soluções tecnológicas inovadoras. Soluções que exigem investimento, testes e posterior incorporação no tecido empresarial. O FEM estima que, para evitar um desastre climático catastrófico, serão necessários investimentos anuais em energias limpas na ordem dos 4 a 5 triliões até 2030. A iniciativa do FEM, Financiamento para a Transição para um Futuro Líquido Zero, lançada em junho de 2020, pretende precisamente acelerar a mobilização de capital para essas tecnologias inovadoras e contagiar o mercado para a incorporação da sustentabilidade no tecido empresarial.
Finanças rentáveis terão de ser finanças sustentáveis. Os novos parâmetros deverão estar em cima da mesa para a tomada de decisões na Conferência Internacional sobre Mudança Climática, COP-26, a ter lugar em Glasgow, Escócia, em novembro deste ano.
Em novembro de 2020, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) lançaram um plano para ajudar atores públicos e privados a identificar e dar prioridade a investimentos que contribuam para o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). O "Framework for SDG Aligned Finance" (Plano OCDE-PNUD para Financiamento Alinhado com os ODS) identifica soluções para investimentos mais sustentáveis e resilientes.
Em julho deste ano, a Comissão Europeia adotou um "ambicioso" pacote de medidas para financiar a transição para uma economia sustentável. Em primeiro lugar, a nova Estratégia de Financiamento Sustentável definiu várias iniciativas para enfrentar as alterações climáticas e outros desafios ambientais, aumentando simultaneamente o investimento e a inclusão das pequenas e médias empresas (PME) na transição da UE para uma economia sustentável. Segundo informa a CE, a proposta de "Norma para as Obrigações Verdes Europeias", igualmente adotada em julho passado, estabelece uma norma voluntária para as obrigações destinadas a financiar investimentos sustentáveis. Por último, a Comissão adotou um ato delegado sobre as informações a divulgar pelas empresas financeiras e não financeiras quanto à sustentabilidade das suas atividades. A Comissão adotou também o ato delegado que exige que as empresas financeiras e não financeiras forneçam informações aos investidores sobre o desempenho ambiental dos seus ativos e atividades económicas.