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Randi Charno Levine: “A crise climática exige que todos trabalhemos juntos”

A embaixadora dos Estados Unidos em Portugal salienta a necessidade de uma cooperação sem precedentes, a todos os níveis, para se combater a transição climática, e evidencia os elevados investimentos dos EUA na descarbonização.

26 de Outubro de 2023 às 15:00
Randi Charno Levine, embaixadora dos Estados Unidos em Portugal, encerrou a conferência dedicada ao ambiente do Negócios Sustentabilidade 20|30
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Entre as forças que agitam o mundo nos últimos 30 anos, a crise climática é aquela que irá alterar mais a nossa forma de vida, começou por referir Randi Charno Levine, embaixadora dos Estados Unidos em Portugal, na conferência "Água e resíduos: os desafios de Portugal", a primeira do quarto ciclo de conferência do Negócios Sustentabilidade 2030.





"A crise climática exige que todos trabalhemos juntos, porque nenhum só país ou setor pode combatê-la sozinho", defendeu. Para isso, é necessário que "os governos trabalhem além-fronteiras, seja bilateralmente ou através de organizações internacionais como a ONU. E exige que trabalhemos fora do governo. As empresas, a indústria e o financiamento privado devem trabalhar de mãos dadas, e os governos devem continuar a envolver a sociedade civil e o meio académico para promover a sustentabilidade e proteger o planeta."


No seu discurso de encerramento da conferência, que teve lugar a 19 de outubro, no Pestana Palace, em Lisboa, a embaixadora mostrou-se confiante no sucesso, mas observou que "todos precisamos de reconhecer que a colaboração é o único caminho a seguir".

Otimista com base numa série de iniciativas recentes levadas a cabo por governos, organizações internacionais e setor privado, salientou a Lei de Redução da Inflação e a Lei Bipartidária de Infraestruturas, dos EUA, como "o maior investimento de sempre" na política climática e energia limpa. "Estas leis irão libertar pelo menos meio bilião de dólares para apoiar três impulsionadores principais: fornecer incentivos para as empresas investirem na limpeza das suas operações, como portos e ferries descarbonizados; reduzir o custo de novas tecnologias emergentes, como o hidrogénio verde e a captura de carbono; e apoiar uma maior pesquisa sobre baterias avançadas e combustíveis de zero emissões", frisou a embaixadora.

Para além disso, Randi Charno Levine destacou os sete centros regionais de hidrogénio verde, anunciados recentemente pelo Presidente Joe Biden, que vão receber 7 mil milhões de dólares em financiamento para acelerar o mercado interno de hidrogénio limpo a baixo custo. "A administração Biden reconhece que o avanço do hidrogénio verde é essencial para alcançar uma economia que crie comunidades populares e proporcione oportunidades económicas e tecnologias de baixo custo em todo o mundo, e sei que faremos parceria com Portugal nestes objetivos durante muitos anos", destacou.

As empresas, a indústria e o financiamento privado devem trabalhar de mãos dadas, e os governos devem continuar a envolver a sociedade civil e o meio académico para promover a sustentabilidade e proteger o planeta. Randi Charno Levine
Embaixadora dos Estados Unidos em Portugal
Dada a dimensão e organização dos EUA, a embaixadora frisou também o papel dos governos municipais e estaduais no combate às mudanças climáticas. Nesse sentido, o projeto SCALE, uma bolsa nacional de líderes em ação climática irá ajudar cidades, estados e regiões dos EUA a alcançarem a descarbonização e a reforçarem a sua resiliência climática. Evidenciou também os compromissos de Lisboa para cortar nas suas emissões de gases com efeito de estufa até 2030.

Sublinhou ainda o papel dos governos nacionais como líderes para descarbonizar a produção de eletricidade e promover energias limpas, destacando que, em 2022, as energias renováveis representaram um recorde de 30% do mix energético global, 10% acima do que era em 2010. "As energias eólicas e solar estão em franca expansão, com preços cada vez mais baixos e uma qualidade técnica cada vez maior", disse.

Reconheceu, contudo, que "a política climática não tem hipóteses de sucesso sem fontes adicionais de financiamento climático". Por isso, "embora o financiamento governamental seja indispensável, nenhum governo sozinho pode pagar pela transição". Para isso, "os governos precisam de trabalhar em estreita colaboração com o setor privado e os investidores multilaterais para desbloquear o investimento numa escala suficientemente grande para financiar as necessidades que vão desde a revolução energética e o transporte marítimo verde até aos ecossistemas de carbono azul e outros setores da economia azul sustentável".

Por fim, deixou uma palavra de apreço ao ativismo climático dos mais jovens e garantiu que eles estão a ser ouvidos.
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