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Sementes desenvolvidas no espaço para criar culturas resistentes às alterações climáticas regressam à Terra

As culturas enviadas pela FAO e pela AIEA vão ser analisadas para averiguar as suas capacidades de resiliência e suprimirem necessidades alimentares globais.

18 de Abril de 2023 às 09:47
A SpaceX CRS-27 carregou sementes da Estação Espacial Internacional para a Terra.
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Já regressaram à Terra as sementes enviadas para o espaço pela Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) e pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), para desenvolver culturas resilientes que possam ajudar a fornecer alimentos suficientes à medida que o planeta aquece.

Sementes de Arabidopsis, uma planta usada em experiências genéticas devido às suas características, e de Sorghum, um grão com diversos nutrientes usado para alimentação humana e ração animal, foram expostas dentro e fora da Estação Espacial Internacional durante cerca de cinco meses à microgravidade, uma mistura complexa de radiação cósmica e temperaturas extremamente baixas.

"Agora que as sementes estão de volta à Terra, podemos ver os efeitos da radiação cósmica, microgravidade e temperaturas extremas e compará-las com as induzidas nos nossos laboratórios. Esta experiência pioneira pode ajudar a desenvolver culturas capazes de se adaptarem às alterações climáticas e aumentar a segurança alimentar global", diz Qu Dongyu, diretor-geral da FAO.

Com a temperatura do planeta e a população global a aumentarem, agricultores de todo o mundo lutam para satisfazer a procura de alimentos. Para apoiar estes agricultores e melhorar a segurança alimentar global, a AIEA e a FAO, através do Centro Conjunto FAO/IAEA de Técnicas Nucleares na Alimentação e Agricultura, enviaram sementes para o espaço para explorar os efeitos da radiação cósmica na aceleração da adaptação natural e genética de culturas.

As sementes foram lançadas das instalações da NASA, na Virgínia, EUA, a 7 de novembro de 2022 e passaram cerca de cinco meses na Estação Espacial Internacional.


"O projeto de culturas cósmicas é muito especial. Esta é uma ciência que poderá ter um impacto real na vida das pessoas num futuro não muito distante, ajudando-nos a cultivar culturas mais fortes e a alimentar mais pessoas", sublinha Rafael Mariano Grossi, diretor-geral da AIEA. "Os cientistas da AIEA e da FAO podem já ter mutado sementes durante 60 anos e criado milhares de culturas mais fortes para o mundo utilizar, mas esta é a primeira vez que experimentamos um campo tão excitante como a astrobiologia", acrescenta.

As sementes serão submetidas a um processo de importação fitossanitária, um requisito padrão para o transporte de material vegetal, para minimizar o risco de introdução de novas pragas, antes da chegada final aos laboratórios.

A radiação nos laboratórios acontece normalmente numa máquina que utiliza raios gama e raios X, o que acelera o processo de variação genética espontânea. Os cientistas visam identificar traços positivos nas sementes irradiadas e introduzir esse traço nas gerações futuras. Desta forma, as plantas evoluem mais rapidamente com qualidades desejáveis, incluindo resistência à doença e tolerância à seca.

A Arabidopsis, um tipo de agrião, fácil e barato de cultivar e que produz muitas sementes, será testada quanto à tolerância à seca, sal e calor. O Sorghum, que pode crescer em terras áridas e é resistente às alterações climáticas, será testado nas suas características de resistência às alterações climáticas.

Ambas as sementes serão cultivadas até à próxima geração antes da seleção de características. Os resultados iniciais poderão estar disponíveis em outubro de 2023.

 

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