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Relatório acusa 24 grandes empresas mundiais de greenwashing

Nova edição do Monitor da Responsabilidade Climática Empresarial expõe incongruências nos planos climáticos destas empresas. ZERO lamenta “práticas perversas”.

14 de Fevereiro de 2023 às 09:05
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Apesar de se afirmarem como líderes na ação climática, 24 das maiores e mais ricas empresas do mundo praticam greenwashing nos seus planos climáticos, conclui o a edição de 2023 do Monitor de Responsabilidade Climática Corporativa, um relatório que analisa a transparência e integridade das metas de redução de emissões de gases com efeito de estufa (GEE) e de neutralidade climática das principais empresas a nível global.

As empresas avaliadas fazem parte da iniciativa "Race to Zero", promovida pelas Nações Unidas, no entanto, cortaram apenas 36% das emissões de GEE nos seus planos climáticos, em vez dos 90-95% necessários, destaca o relatório da responsabilidade do New Climate Institute e da Carbon Market Watch.

Com uma receita conjunta acima de três mil milhões de euros e responsáveis por cerca de 4% das emissões de GEE a nível global, estas empresas são oriundas de uma grande variedade de países e fazem parte de sete setores principais, tais como, automóvel, moda, retalho, supermercados, alimentação e agricultura, tecnologia e eletrónica, transportes marítimos e aéreos e aço e cimento.        
                                            

Contudo, apesar de alegarem ser campeãs na ação climática, a maioria das empresas avaliadas esconde a sua inação climática atrás dos seus "aparentes planos verdes de neutralidade climática e simplesmente não estão a fazer aquilo que prometem", denuncia o relatório.

"Numa altura em que as corporações precisam de limpar o seu impacto climático e reduzir a sua pegada de carbono, muitas estão a explorar promessas enganosas net zero para dar uma lavagem verde à sua marca enquanto prosseguem com os negócios como habitualmente", diz a diretora executiva da Carbon Market Watch, Sabine Frank, em comunicado.

"Esta perigosa procrastinação tem de parar. Uma vez que as multinacionais têm um elevado impacto no planeta e os meios para reduzir a sua pegada de carbono, devem tomar medidas reais para limpar a sua ação e não apenas a sua imagem, cortando as suas emissões", acrescenta Sabine Frank.


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Não houve um único plano de mitigação climática, de entre as 24 empresas, que tenha recebido a pontuação correspondente a "alta integridade" no relatório deste ano. De facto, as principais lacunas nos objetivos e planos climáticos destas empresas são, em grande parte, semelhantes às identificadas na edição do ano passado.


À semelhança da edição anterior, o relatório mostra que apenas uma empresa, a gigante dinamarquesa Maersk, alcançou o nível de "integridade razoável" no ranking. Por outro lado, a Apple, a Arcelor Mittal, a Google, o Grupo H&M, a Holcim, a Microsoft, a Stellantis e a Thyssenkrupp alcançaram apenas uma pontuação de "integridade moderada", enquanto que as restantes 15 empresas se situam num intervalo entre baixa e muito baixa integridade.

A ZERO, que integra a Carbon Market Watch, já reagiu lamentando "as práticas perversas de greenwashing nos planos climáticos das grandes empresas globais". A associação ambientalista acrescenta que "as promessas de zero emissões líquidas dão a impressão superficial de que as emissões vão cair para níveis nulos ou próximo disso", porém, "o relatório mostra-nos uma realidade bem diferente. Neste horizonte temporal vital que vai até 2030, quando o mundo necessita de cortar em cerca de metade a sua pegada carbónica para manter o aumento da temperatura abaixo do limite relativamente seguro de 1,5?, as empresas avaliadas com objetivos assumidos para 2030 comprometem-se a reduzir em apenas 15% as suas emissões reais".

As perspetivas são igualmente sombrias para o longo prazo. Em 2050, é genericamente aceite que as empresas vão necessitar de reduzir entre 90 a 95% as suas emissões face aos níveis atuais. Contudo, o relatório calcula que, no global, a redução de emissões líquidas destas 24 empresas somem uns meros 26% em 2050.


"A diferença entre aquilo que é comunicado pelas empresas e a realidade dos seus compromissos é verdadeiramente abismal e torna-se ainda mais preocupante devido às estratégias que utilizam para alcançar as suas metas, incluindo uma excessiva dependência de compensações de carbono", sublinha a ZERO.

O relatório diz também que metade das empresas avaliadas - incluindo a Apple, DHL, Google e Microsoft - já estão a fazer alegações de neutralidade carbónica, mas estas alegações cobrem apenas 3% das emissões dessas empresas. Mais preocupante ainda, três quartos das empresas planeiam compensar ou neutralizar uma parte significativa das suas emissões utilizando créditos de carbono provenientes de projetos florestais e outros projetos de utilização do solo. "Não só estas soluções armazenam carbono apenas temporariamente e são vulneráveis a reversões, como também precisaríamos de um segundo planeta Terra para absorver emissões globais se todos decidissem compensar como estas empresas", diz o diretor de Políticas da Carbon Market Watch, Sam Van den Plas.

Apesar do fraco desempenho global das empresas em destaque, algumas têm demonstrado liderança em algumas áreas de ação climática. H&M, Maersk e Stellantis, por exemplo, puseram em prática compromissos potencialmente credíveis para uma descarbonização profunda a longo prazo, destaca a análise A Google é pioneira em tecnologia que monitoriza e faz corresponder o consumo e produção de energia renovável 24 horas por dia, enquanto que a DHL está a investir na eletrificação da sua frota e na produção de combustível com baixo teor de carbono. No entanto, estes avanços "são demasiado escassos e distantes para permitir o tipo de mudança que é urgentemente necessária", destaca o relatório.

O relatório insta ainda os governos e a Comissão Europeia a regular de forma robusta o greenwashing empresarial.

 

 

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