Outros sites Medialivre
Notícia

Guterres: Sucesso da COP28 “depende da obtenção de um consenso” sobre eliminação gradual dos combustíveis fósseis

Guterres volta à COP28 para pressionar acordo para redução dos gases com efeito de estufa “numa corrida contra o tempo”. Propõe um Pacto de Solidariedade para o Clima que prevê diferentes velocidades nessa redução.

11 de Dezembro de 2023 às 09:39
  • Partilhar artigo
  • ...

António Guterres regressou esta segunda-feira à COP28 para pressionar os líderes mundiais na reta final das negociações para obter um acordo para a redução global das emissões de gases com efeito de estufa (GEE).

Para o secretário-geral das Nações Unidas, o sucesso da Cimeira do Clima, que termina nesta terça-feira no Emirados Árabes Unidos, "depende de um consenso sobre a necessidade de eliminar gradualmente os combustíveis fósseis de acordo com o quadro temporal, ou seja, de acordo com os limites de 1,5°, o que não significa que todos os países tenham de eliminar os combustíveis fósseis ao mesmo tempo". Para Guterres, deve aplicar-se o princípio da responsabilidade, ou seja, "globalmente a eliminação progressiva dos combustíveis fósseis tem de ser compatível com o objetivo de zero emissões líquidas em 2050 e com o limite de 1,5° de aumento da temperatura".

Para os dois dias restantes para as negociações finais na 28.ª Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP28), o líder das Nações Unidas pediu "um resultado ambicioso que demonstre uma ação climática decisiva". "Peço a máxima ambição em duas frentes: ambição na redução das emissões de gases com efeito de estufa e ambição em garantir a justiça climática", referiu no seu discurso, onde salientou também que num "mundo fraturado e dividido, a COP28 pode mostrar que o multilateralismo continua a ser nossa melhor esperança para enfrentar os desafios globais".


Recorde-se que existe um diferendo de posições entre a eliminação (gradual) de combustíveis fósseis rumo à neutralidade carbónica e a sua eliminação apenas quando não é possível a captura de carbono, chamados 'unabated'.



Guterres voltou a frisar que o mundo está "numa corrida contra o tempo" e que "os negociadores têm de ultrapassar as linhas vermelhas arbitrárias, as posições entrincheiradas e as tácitas de bloqueio".

O secretário-geral sublinhou que se devem encontrar consensos para criar um plano claro para a triplicação das energias renováveis, a duplicação da eficiência energética e a focalização no combate às causas profundas da crise climática.

Sublinhando que nem todos precisam de seguir à mesma velocidade, propôs um Pacto de Solidariedade para o Clima, "no qual os grandes emissores envidam esforços adicionais para reduzir as emissões e os países mais ricos apoiam as economias emergentes para que estas o possam fazer". Ou seja, "os prazos e os objetivos podem ser diferentes para países com diferentes níveis de desenvolvimento, mas todos devem ser coerentes com a consecução do objetivo global de zero emissões até 2050".

Guterres saudou o acordo para operacionalizar os fundos de perdas e danos, firmado logo no início da cimeira, e o reabastecimento do Fundo Verde para o Clima. "É um começo, mas é necessário muito mais. Muitos países em desenvolvimento estão a afogar-se em dívidas, não têm espaço fiscal e estão a viver o caos climático. Precisamos que todos os compromissos assumidos pelos países desenvolvidos em matéria de financiamento e adaptação sejam cumpridos na íntegra e de forma transparente. E precisamos de mais capital e de uma reforma do modelo de negócio dos bancos multilaterais de desenvolvimento", defendeu.

Olhando para o futuro, o secretário-geral também instou os governos a preparar e apresentar novos planos de ação nacionais para o clima ou contribuições determinadas a nível nacional que abranjam toda a economia, cubram todos os GEE e estejam plenamente alinhados com os limites de temperatura de 1,5°. "Temos de concluir a COP 28 com um resultado ambicioso que demonstre uma ação decisiva e um plano credível para manter vivo o objetivo 1.5 e proteger aqueles que estão na linha da frente da crise climática", concluiu.

 

Mais notícias