- Partilhar artigo
- ...
A gestão ativa da floresta portuguesa pode ter um impacto de mais de 500 milhões de euros por ano na economia, conclui um novo estudo desenvolvido pela Boston Consulting Group (BCG).
O estudo "Perspetivas para a valorização da floresta portuguesa" revela ainda que a atuação articulada entre atores públicos e privados pode criar uma floresta nacional mais produtiva e sustentável, que pode gerar mais de 16.500 postos de trabalho e aumentar a absorção de carbono em 200 kilotoneladas de CO2 por ano.
Em contrapartida, caso não haja um reforço da governação dos recursos florestais e articulação de incentivos que mobilizem instituições e proprietários, o ciclo vicioso poderá gerar a libertação de 50 milhões de toneladas de CO2 para a atmosfera em incêndios e a perda de 12.500 postos de trabalho e de cerca de 350 milhões de euros de PIB por ano, acrescenta a consultora.
"A ambição para a floresta portuguesa tem de passar por equilibrar os objetivos de produção e conservação, com fileiras integradas, alicerçadas em soluções baseadas nos recursos naturais, criando valor económico, social e ambiental. Com este estudo ambicionamos contribuir para a mobilização da ação no sentido de valorizar a floresta e os bens públicos que presta, caracterizando as suas debilidades e potencial, o que gerará uma oportunidade geracional de criar benefícios vastos para o país", afirma Pedro Pereira, diretor executivo e partner da BCG.
A floresta portuguesa, que inclui espaços florestais arborizados, matos e pastagens, ocupa 70% do território, absorve cerca de 4% das emissões de CO2, contribui para a regularização dos regimes hídricos e biodiversidade, e gera, anualmente, um valor equivalente a cerca de quatro mil milhões de euros para a economia nacional, refere a consultora.
"Se for reconhecida a importância estrutural da floresta e for construído um compromisso comum, público e privado, para o seu desenvolvimento sustentado, Portugal terá capacidade para definir uma estratégia concertada e mobilizar eficientemente os recursos que ela exige", acrescenta Pedro Pereira.
A consultora refere ainda que a floresta em Portugal é desproporcionadamente privada (98%); o mercado tem uma cadeia de valor com dinâmicas competitivas desequilibradas, com elevada fragmentação ao nível da produção; os processos de fiscalização e regulação são inexistentes ou ineficazes; a complexidade da governação pública do setor e a falta de integração na gestão de fileiras dificultam a criação de uma visão comum, etc.
Com o propósito de potenciar o valor da floresta, o estudo aponta como necessário e urgente estruturar um roteiro de iniciativas coerentes com uma perspetiva de longo prazo, articulando as iniciativas das políticas fiscais, industriais, do ambiente, da agricultura e da pecuária.