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Cada cama hospitalar gera, por dia, cerca de 6 a 8 quilos de lixo, o que representa mais de 100 mil toneladas de lixo por ano. Para além disso, o setor da saúde em Portugal é responsável por 4,8% da emissão de gases com efeito de estufa (GEE), uma percentagem superior à média europeia, revela o Conselho Português para a Saúde e Ambiente (CPSA).
Luís Campos, presidente do CPSA, apela, por isso, "a um esforço na redução da pegada ecológica do setor da saúde, que deve tornar-se uma prioridade política, com metas definidas de neutralidade carbónica, e ao desenvolvimento e implementação de boas práticas de sustentabilidade ambiental nas instituições de saúde".
No Dia Mundial da Saúde Ambiental, assinalado hoje, o responsável destaca que "os impactos do sistema de saúde na nossa casa comum portuguesa são uma verdade de que não se fala. Uma cultura do descartável e de facilitismo provocou exageros de consumos e hábitos, por vezes, baseados numa promoção do medo, sem bases objetivas que o justifiquem".
Tendo em conta que as alterações climáticas e a degradação dos ecossistemas já estão a ter um impacto significativo na saúde das populações, o CPSA apela também a uma maior cooperação das organizações relacionadas com a saúde no combate às alterações climáticas e à degradação dos ecossistemas. Defende também a introdução destes temas no ensino dos mais novos e na formação dos profissionais de saúde, a adaptação dos sistemas de saúde para se prepararem para cuidar dos doentes que sofrem as consequências destes fenómenos e exorta ainda os profissionais de saúde a tornarem-se exemplares na adoção de comportamentos que protejam o ambiente.
"A pegada ecológica de um doente em internamento é cerca de quatro vezes superior à de um cidadão vulgar. Medidas corretoras desta situação podem ter um grande benefício ambiental e financeiro. Algumas dessas medidas são prática corrente nos países mais desenvolvidos e podem ser tomadas sem qualquer prejuízo da qualidade dos cuidados", sublinha Luís Campos.
Como exemplo para melhor a pegada ambiental no setor da saúde, o CPSA destaca a otimização da triagem dos lixos, a opção por materiais reutilizáveis, a racionalização dos conjuntos pré-formatados, o abandono da prescrição de inaladores ou de anestesia com GEE, a opção por energias renováveis, uma melhor gestão dos equipamentos elétricos e de ar condicionado, a utilização de lâmpadas LED, a diminuição do desperdício alimentar, entre outros.
Luís Campos assinala que "o nosso enquadramento legal está obsoleto e impede a disseminação de práticas sustentáveis no setor da saúde". Neste sentido, "apelamos à revisão urgente da legislação sobre resíduos hospitalares, que data de 1996, (despacho 242/96), que está em contraciclo com as orientações da Organização Mundial de Saúde. Apelamos também à revisão da suspensão da reutilização de dispositivos médicos de uso único, certificados pela CE, decidida em 2021, prática corrente nos países da Europa com maiores Índices de Transparência e de Desenvolvimento Humano".