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Biden quer cortar emissões de gases poluentes para metade até 2030

Numa cimeira climática virtual promovida pelos Estados Unidos, o presidente norte-americano confirmou a ambição renovada no combate às alterações climáticas com a definição do objetivo de cortar pelo menos metade das emissões até 2030. "O custo da inação continua a aumentar", alertou Joe Biden.

22 de Abril de 2021 às 15:38
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Os Estados Unidos querem reduzir em pelo menos metade as emissões de gases poluentes até ao final desta década, anunciou esta quinta-feira o presidente norte-americano, Joe Biden, confirmando a intenção americana de recuperar uma posição de liderança global no combate à crise climática.

"Os sinais são inconfundíveis e a ciência é incontestável", afirmou o residente na Casa Branca na declaração de abertura da cimeira climática virtual organizada pelos EUA e que decorre esta quinta e sexta-feira, contando com a participação de 40 outros líderes mundiais.

Contrastando com a atitude negacionista do seu antecessor, Donald Trump, Biden assegurou que "os Estados Unidos não vão ficar à espera". "Resolvemos agir", proclamou sublinhando que o "custo da inação continua a aumentar".
O democrata confirmou as expectativas dos especialistas ao revelar que Washington estabeleceu uma meta ambiciosa para a redução de emissões até 2030, fixada entre 50% e 52% (a níveis de 2005).

"Os EUA iniciam assim o caminho para reduzir para metade a emissão de gases com efeito de estufa até ao final da década", disse garantindo que serão assim prosseguidas as medidas necessárias para que o país atinja a neutralidade carbónica no máximo até 2050, e antes se possível.

A administração liderada por Barack Obama havia definido como meta uma redução de 26% a 28% das emissões até 2025, objetivo depois deixado cair durante o mandato presidencial de Trump. Esta quarta-feira, também a União Europeia chegou a acordo para fixar em pelo menos 55% a redução de emissões até 2030.

Este novo objetivo dos EUA será entretanto formalizado junto das Nações Unidas, isto depois de logo no primeiro dia na Casa Branca Biden ter assinado uma ordem executiva para recolocar o país dentro do Acordo de Paris sobre alterações climáticas, que havia sido denunciado por Trump.

Liderança americana gera onda
Joe Biden mostra-se assim fiel ao compromisso de assumir as alterações climáticas como um eixo fundamental da sua política, bem como de recolocar os EUA na linha da frente desse combate.

E nestas primeiras horas da cimeira virtual parece estar a resultar em avanços concretos. É que Canadá, Japão e Argentina acabam também de anunciar objetivos mais ambiciosos na redução das emissões de gases poluentes.

O Japão elevou para 46% o corte até 2030 e o Canadá anunciou uma redução entre 40% e 45%. Nos últimos dias, além da UE também o Reino Unido apontou a uma meta mais ambiciosa.

Desta forma, os governos de países representantes de metade das emissões mundiais trabalham com objetivos consonantes com a intenção de assegurar que a temperatura média do planeta não ascende acima de 1,5 graus Celsius face aos níveis pré-industriais, o objetivo central do Acordo de Paris.

Aguarda-se agora a intervenção do presidente chinês, Xi Jinping, para perceber se também a China entra a bordo deste movimento renovado impulsionado por Washington.

Biden fez questão de recordar que os EUA representam menos de 15% das emissões globais para concluir que "nenhuma nação consegue, por si só, resolver este problema".

O presidente americano foi coadjuvado por António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, para quem é determinante uma ação de todos os líderes mundiais, em particular dos maiores emissores que precisam assumir "compromissos mais ambiciosos".

EUA e China são os maiores emissores mundiais, resta saber se o ambiente de pressão levará Xi Jinping a comprometer-se com uma maior descida das emissões, sabendo-se que Pequim tem sido crítica da volatilidade da posição norte-americana nesta matéria.

Eletricidade a 100% por fontes renováveis
Assegurar que 100% do consumo de eletricidade será alimentado por energias renováveis até 2035 foi outra das metas anunciadas hoje por Joe Biden.

O presidente americano considera que será necessária uma espécie de revolução na produção de energias renováveis e na produção de automóveis elétricos para que esse objetivo seja concretizado, o que diz ser também essencial para promover a criação de novos postos de trabalho.

Nesse sentido, será essencial ao cumprimento dessa meta o plano de infraestruturas de 2,3 biliões de dólares, recentemente aprovado pelo Congresso, e através do qual Joe Biden se propõe criar empregos de nova geração, ajudando também por esta via à mitigação de emissões.
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