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Desobediência desqualificada

Os trabalhos da comissão de inquérito parlamentar ao BES/GES foram já muito elogiados. Não há dúvida de que houve a preocupação de apurar factos, de conhecer a verdade, sem olhar a cores partidárias. Mas também é fácil hoje apontarem-se dedos. O banco caiu e vão sendo descobertas razões e mais razões.

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O "julgamento" parlamentar já foi feito. Está praticamente concluído. O "julgamento" público também. Falta o mais importante. O judicial. Nesta fase nem é certo que haja julgamentos. Faltam praticamente três meses para que passe um ano desde o momento da Resolução do BES, a 3 de Agosto. E não se sabe que conclusões vai o Ministério Público tirar.

 

Os elogios ficam, para já, para os deputados. Coisa rara neste país. E como raro que é, a minha interrogação. Numa comissão parlamentar de inquérito os ouvidos estão sob juramento, tendo a obrigação de colaborar e de dizer a verdade.

 

Aqui chega a questão. Há claramente depoimentos contraditórios. Por isso, a conclusão não pode ser outra: há alguém a mentir.

 

E havendo alguém a mentir ou a omitir não será caso enquadrável com desobediência qualificada, tendo, por isso, de ser comunicada à Procuradoria-geral da República? E quantos casos foram comunicados? 

 

Soube-se a participação contra José Guilherme, o construtor que terá dado um presente de 14 milhões a Ricardo Salgado. Esse nem compareceu na comissão de inquérito.

 

Mas outros terão ou não incorrido no mesmo esquema? Foram, mas é como se não tivessem ido.

 

Jornalista

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