Opinião
O hotel de Trump em Washington é um símbolo. Mas de quê?
Enquanto as sondagens mostram as suas dificuldades, Donald Trump decidiu tirar um dia para inaugurar o seu novo hotel.
Não se pode dizer que o candidato tenha efectivamente interrompido a campanha, porque com Trump a política e os seus negócios são parte da mesma coisa, a sua figura. Trump defende que, ganhe ou perca as eleições, a sua marca em Washington ficou. Mais, na inauguração do hotel usou-o como exemplo da sua gestão, já que este "ficou abaixo do orçamentado e concluído antes do previsto". Os problemas são outros.
No Washington Post, Dana Milbank vai ao ponto: "Nos últimos dias desta campanha, Trump surge como no princípio: como um bilionário doido por publicidade." Mais, eventualmente percebendo que vai perder, vai aproveitando a cobertura mediática para promover os seus negócios. "Fez o país passar por um inferno, alimentou ódio entre milhões de pessoas e agora, no fim, está a cuidar de si próprio", defende.
Gail Collins, no New York Times, também repara que "o seu itinerário parece ter cada vez mais que ver com os negócios que terá de ressuscitar como um cidadão privado, depois de 8 de Novembro".
O próprio novo hotel agora inaugurado (apesar de já estar em funcionamento) foi obrigado a baixar preços pela falta de procura, e viu a sua fachada atacada com grafitis anti-Trump. Na verdade, na iminência de perder, o candidato parece desvalorizar o que seria ser Presidente, face ao que é ser Donald Trump. No seu novo hotel, ao contrário do que é habitual, a "Suite Presidencial" é mais pequena e muito mais barata do que a jóia da coroa: a suite "Trump Townhouse".
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