Opinião
O fogo e as cinzas
Há muitas formas de olhar para a tragédia de Pedrógão Grande. Acolhê-las no mesmo tecto, "O fogo e as cinzas", título de um livro de Manuel da Fonseca, é uma escolha admissível, como qualquer outra.
Miguel Esteves Cardoso escreve no Público: "A tragédia de Pedrógão Grande é avassaladora. Humilha-nos com imensidão. A dor cala-nos. Não é altura de tirar conclusões." Também no Público, David Dinis diz que os acontecimentos de Pedrógão Grande exigem que se pergunte: porquê? "Vamos ter de falar de responsabilidade política. E de consequência política. Porque já são anos de mais a fazer o luto."
Eduardo Dâmaso, no Correio da Manhã, dá um passo em frente e defende a necessidade de tirar as "lições necessárias" desta tragédia que causou até agora 64 mortos. "Para um país que tem nos incêndios um problema crónico, que nunca encontrou um modelo estável de combate, que tem um poder político que já consentiu todo o tipo de negociação na contratação de meios aéreos de outro equipamento, que consente todo o tipo de mediocridade nas hierarquias da protecção civil e quejandos, é imperativo respeitar o luto, mas não esquecer e tirar as lições necessárias."
Fernanda Câncio, no DN, conflui no registo de Miguel Esteves. "Há coisas maiores do que nós, e por mais que queiramos aplacá-las, como a deuses em fúria, e à nossa dor e raiva, oferecendo-lhes o sacrifício de supostos culpados, é apenas estúpido."
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