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As palavras que podem fazer transbordar o copo

Kim Jong-un faz dos mísseis balísticos e da tensão com os Estados Unidos e a Coreia do Sul um cimento do seu regime.

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A ameaça externa sempre foi uma forma de legitimar o poder - mais ainda quando ele é autocrático - e unir a nação. Um conceito que não é estranho a Donald Trump. Depois do "fogo e fúria", pode a escalada verbal levar à nuclear.

Michael Dobbs, autor do livro "One Minute to Midnight: Kennedy, Khrushchev, and Castro on the Brink of Nuclear War", lembra no Washington Post um episódio durante a crise dos mísseis de Cuba. O a secretário de Estado norte-americano (que trata dos assuntos externos) referiu a dado momento a possibilidade de o país usar de "medidas adicionais", antecipando-se à Casa Branca. Kennedy ficou furioso com a incúria.

"Na pesquisa para o livro conclui que o verdadeiro risco de uma guerra derivava não dos planos conscientes de Kennedy, Nikita Khrushchev ou Fidel Castro. Estava na possibilidade de as partes desencadearem um conflito nuclear que ninguém queria devido a erros de comunicação ou acidentes, que se tornam mais prováveis nos níveis mais elevados de alerta militar. O mesmo é verdade para a actual crise com a Coreia do Norte", alerta o autor de "House of Cards". A alternativa é a via negocial. "O único caminho em frente é ter conversações exploratórias incondicionais para perceber realmente o que é possível e como podemos lá chegar", defende Jenny Town, especialista da Escola de Estudos Avançados Internacionais da Universidade Johns Hopkins, em entrevista ao Público.

Pequim também defende a via diplomática, embora considere que o caminho é cada vez mais estreito. "Agora Pyongyang tem mísseis balísticos intercontinentais e, segundo notícias, uma ogiva nuclear miniaturizada. A partir deste ponto, a retórica de ameaça de Pyongyang não pode ser encarada de modo leve", escreve o jornal oficial China Daily, em editorial. Em 1962, era Kennedy quem mantinha a situação sob controlo. Em 2017, quem controla Donald Trump e Kim Jong-un?


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