Opinião
A maçã está madura para cair? A Irlanda acha que não.
A União Europeia abanou a árvore e a Apple caiu. Uma das mais ricas multinacionais do planeta tem de pagar à Irlanda, que esteve quase falida devido à crise global, cerca de 13 mil milhões de euros.
Em troca de criar empregos na Irlanda e ali parquear alguns serviços, a Apple pagava um imposto abaixo de 1%. O problema é que a Irlanda não quer receber o dinheiro da multa. A perspectiva irlandesa (uma ponte americana para a Europa) é perfeitamente sintetizada por David McWilliams no "Irish Independent": "Esta é uma batalha entre o futuro e o passado. O futuro é uma Irlanda Atlântica, uma parte mercantil essencial da cadeia global de fornecimentos, casa das maiores e mais inovadoras empresas do mundo. Este caminho traz prosperidade". E acrescenta: "Se perdermos (o recurso) seremos vistos pela América empreendedora como o seu único amigo na Europa. É isso exactamente o que queremos ser. Não é bonito, nem heróico, mas é 'realpolitik'".
Já Nils Pratley, no "Guardian", escreve que este "é um espectáculo bizarro do governo irlandês dizer que não quer este dinheiro inesperado que pagaria o seu sistema de saúde durante um ano. (…) Os políticos americanos estão a fazer exercícios de ginástica. Em 2013 um comité do Senado americano acusou a Apple de estar entre 'os maiores fugitivos ao fisco' ao explorar as generosas folgas fiscais da Irlanda. (…) É um mistério porque Bruxelas demorou tanto tempo a actuar. (…)". Pádraig Belton, no "Spectator", é claro: "Com a dívida pública da Irlanda no limiar dos 100% do PIB, (a decisão) coloca Dublin na incómoda posição de dizer que não quer o dinheiro. (…) Apesar destes 13 mil milhões de euros resolverem alguns poucos problemas à Irlanda, esta não é uma decisão para aplaudir. Pelo menos se você for um liberal apoiante do comércio livre". Não podia ser mais claro.
Já Nils Pratley, no "Guardian", escreve que este "é um espectáculo bizarro do governo irlandês dizer que não quer este dinheiro inesperado que pagaria o seu sistema de saúde durante um ano. (…) Os políticos americanos estão a fazer exercícios de ginástica. Em 2013 um comité do Senado americano acusou a Apple de estar entre 'os maiores fugitivos ao fisco' ao explorar as generosas folgas fiscais da Irlanda. (…) É um mistério porque Bruxelas demorou tanto tempo a actuar. (…)". Pádraig Belton, no "Spectator", é claro: "Com a dívida pública da Irlanda no limiar dos 100% do PIB, (a decisão) coloca Dublin na incómoda posição de dizer que não quer o dinheiro. (…) Apesar destes 13 mil milhões de euros resolverem alguns poucos problemas à Irlanda, esta não é uma decisão para aplaudir. Pelo menos se você for um liberal apoiante do comércio livre". Não podia ser mais claro.
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