Opinião
O partido do sms anónimo
Então parece que foi assim no país do sms. Primeiro, a zelosa guardiã do castelo (Ana Catarina Mendes) enfrenta o duque (Rui Moreira) que não é da mesma corte. Caldo entornado. Estamos a falar das autárquicas no Porto. Estava a festa montada para na cidade ficar tudo como dantes, o duque que não tem partido, o ajudante (Manuel Pizarro) que esconde o partido, os amigos que partem o bolo.
Eis senão quando a zelosa guardiã do aparelho socialista deixa que a boca lhe fuja para a verdade e diz que a vitória de Rui Moreira será uma vitória do PS. Caldo entornado. Moreira não pode render-se.
Em Lisboa, o rei (António Costa) quer a festa montada e em curtas 24 horas forja um plano B. O ajudante, que lamentou a "inabilidade" da zelosa guardiã, foi obrigado a saltar, exuberante, no fato de chefe. PS! PS!
Foi quando o coliseu chegou à TV. O bem informado comentador de domingo trazia a carta na manga. Afinal, o ajudante tinha sentido o peso de quatro anos ao serviço do duque. E custava-lhe mudar de campo. A notícia de Luís Marques Mendes era que o partido de António Costa tinha sondado outro. E quem? O jornalista e director do Porto Canal, Júlio Magalhães, mais conhecido por Juca.
Mentira! Um comunicado da direcção do PS apressou-se a estancar os danos de Pizarro poder ser, afinal, uma escolha incerta.
Verdade! Ao terceiro dia, Juca confirma o convite socialista, que achou natural, até já foi convidado repetidas vezes, umas pelo PS, outras pelo PSD.
Mas o coliseu não acaba aqui: Júlio Magalhães confirma a recepção da mensagem, mas diz desconhecer o remetente. Foi sondado para candidato à segunda câmara do país, mas não sabe por quem. Excelente jornalista, é estranho que se tenha sentido convidado e que dê a cara sem saber quem estava do outro lado da linha. Não bate certo.
Terá sido Jorge Nuno Pinto da Costa a brincar? Um amigo do Juca? Um familiar? Alguém que quer ser director do Porto Canal? Rui Moreira para se livrar do ajudante? Ou o próprio António Costa? Mistério?!
Mas há uma luz ao fundo do túnel. Um socialista do Porto, Manuel dos Santos, denunciou em tempos um acordo secreto entre Costa, Moreira e Pizarro. Manuel dos Santos não gosta de Costa mas, em tese, o que disse faz sentido. Costa garantira a Moreira um lugar, ou num futuro governo ou na lista para o Parlamento Europeu. Pizarro saltaria para a chefia da câmara.
Rui Moreira percebeu o perigo da publicitação do "negócio" e correu a garantir que cumpriria o segundo mandato até ao fim. Apesar de a direcção do PS, tão diligente em desmentidos, ter, então, ficado calada. O rumor, pela parte socialista, ficaria sem resposta. Talvez Pizarro sonhasse mesmo ser presidente a meio do jogo. Talvez não tenha gostado do desmentido de Moreira. E o casamento de conveniência nunca mais foi o mesmo.
A gota de água chegou logo a seguir, com o PS a apregoar que a vitória de Moreira seria a vitória do partido. Em terreno já estragado, a sobranceria partidária deu de frente com a independência dependente. Se Lisboa e Bruxelas passaram de rumor a miragem, ao menos que o independente fique livre dos cálculos aparelhísticos. "Assim é mais difícil", disse o próprio, já a ensaiar o discurso de vitimização. Rui Moreira só não pode queixar-se dos partidos por ainda arrastar a asa ao CDS. Mas o Porto gosta dele e ele sabe disso.
Quanto à candidatura socialista ao Porto ficará para a história das histórias mais bizarras e mal contadas da pequena política à portuguesa. Quem se mete com independentes leva.
Em Lisboa, o rei (António Costa) quer a festa montada e em curtas 24 horas forja um plano B. O ajudante, que lamentou a "inabilidade" da zelosa guardiã, foi obrigado a saltar, exuberante, no fato de chefe. PS! PS!
Mentira! Um comunicado da direcção do PS apressou-se a estancar os danos de Pizarro poder ser, afinal, uma escolha incerta.
Verdade! Ao terceiro dia, Juca confirma o convite socialista, que achou natural, até já foi convidado repetidas vezes, umas pelo PS, outras pelo PSD.
Mas o coliseu não acaba aqui: Júlio Magalhães confirma a recepção da mensagem, mas diz desconhecer o remetente. Foi sondado para candidato à segunda câmara do país, mas não sabe por quem. Excelente jornalista, é estranho que se tenha sentido convidado e que dê a cara sem saber quem estava do outro lado da linha. Não bate certo.
Terá sido Jorge Nuno Pinto da Costa a brincar? Um amigo do Juca? Um familiar? Alguém que quer ser director do Porto Canal? Rui Moreira para se livrar do ajudante? Ou o próprio António Costa? Mistério?!
Mas há uma luz ao fundo do túnel. Um socialista do Porto, Manuel dos Santos, denunciou em tempos um acordo secreto entre Costa, Moreira e Pizarro. Manuel dos Santos não gosta de Costa mas, em tese, o que disse faz sentido. Costa garantira a Moreira um lugar, ou num futuro governo ou na lista para o Parlamento Europeu. Pizarro saltaria para a chefia da câmara.
Rui Moreira percebeu o perigo da publicitação do "negócio" e correu a garantir que cumpriria o segundo mandato até ao fim. Apesar de a direcção do PS, tão diligente em desmentidos, ter, então, ficado calada. O rumor, pela parte socialista, ficaria sem resposta. Talvez Pizarro sonhasse mesmo ser presidente a meio do jogo. Talvez não tenha gostado do desmentido de Moreira. E o casamento de conveniência nunca mais foi o mesmo.
A gota de água chegou logo a seguir, com o PS a apregoar que a vitória de Moreira seria a vitória do partido. Em terreno já estragado, a sobranceria partidária deu de frente com a independência dependente. Se Lisboa e Bruxelas passaram de rumor a miragem, ao menos que o independente fique livre dos cálculos aparelhísticos. "Assim é mais difícil", disse o próprio, já a ensaiar o discurso de vitimização. Rui Moreira só não pode queixar-se dos partidos por ainda arrastar a asa ao CDS. Mas o Porto gosta dele e ele sabe disso.
Quanto à candidatura socialista ao Porto ficará para a história das histórias mais bizarras e mal contadas da pequena política à portuguesa. Quem se mete com independentes leva.
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