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Diana Ramos - Diretora dianaramos@negocios.pt 15 de Janeiro de 2023 às 23:00

Credibilizar projetos

Faz sentido olhar para uma concessão que claramente aparenta não ter investidores?

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O que têm em comum um antigo piloto da TAP, um ex-dono de uma agência de comunicação, um gestor que foi diretor-geral de uma multinacional de tecnologia em Portugal e um outro que é especialista em ferrovia? Ainda se lembra deste texto em que o Negócios apresentou os rostos da Magellan 500, a sociedade por detrás do consórcio que defende a construção de um aeroporto em Santarém?

Esta semana, o Expresso - que foi o primeiro a escrever sobre esta nova hipótese de localização - traz-nos um novo retrato da iniciativa, pela voz do promotor, que parece acima de tudo um piscar de olho destes privados - dos que tiveram a ideia, mas não têm os terrenos - a quem possa ter dinheiro para investir. Acena à direita à Brisa, à esquerda à ANA - Aeroportos e ainda atira com a possibilidade de, se a infraestrutura de facto avançar naquela localização, estar construído e com aviões prontos a voar em 2028.

Os investidores privados propõem-se a encontrar parceiros - já terão conversado com investidores internacionais -, a financiar o aeroporto em si e os acessos àquela infraestrutura (ligação à autoestrada e construção de um ramal ferroviário para ligação à Linha do Norte). São mil milhões de euros, de acordo com o PowerPoint.

Olhemos agora para a realidade nacional: há quanto tempo é que a banca nacional deixou de financiar concessões? Por outras palavras, há quantos anos é que deixou de estar na moda o Project Finance entre as instituições financeiras em Portugal? Quantas boas empresas portuguesas se conseguem financiar em 500 milhões de euros junto de um banco em Portugal? Não é que não tenham capacidade creditícia e capacidade de cumprir o seu serviço de dívida, os bancos estão é escaldados, não querendo voltar ao passado recente dos grandes devedores.

A discussão em torno da localização do novo aeroporto é sempre acalorada, por isso esperemos que a comissão técnica independente faça o seu trabalho. A questão aqui é o realismo dos projetos: faz sentido olhar para uma concessão que claramente aparenta não ter investidores, não ter capacidade financeira e ter um projeto que, na sua análise, se resume quase exclusivamente a uma ideia?
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