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Diana Ramos - Diretora dianaramos@negocios.pt 14 de Abril de 2024 às 23:00

Começar para quase acabar

O logro rebentou com impacto e na pior altura para o novo Governo de Montenegro.   

Falta de clareza ou transparência, incoerência, contradição ou dissonância... Muitas são as expressões que poderiam ser usadas para descrever a trapalhada em que oExecutivo de Luís Montenegro se colocou a si mesmo. O Governo mergulhou na narrativa de que todo um país estava errado, mas a única coisa que conseguiu foi ficar isolado na sua bolha acreditando numa verdade que nunca o foi.

O problema de fazer promessas em campanha eleitoral é que quando a realidade chega há sempre alguém que cobra. E desta vez não poderia ser diferente. Luís Montenegro criou a ideia de que o seu governo traria um alívio fiscal significativo, mas tudo somado o ajuste do novo governo vale  mais 200 milhões face ao que estava desenhado no Orçamento do Estado do anterior governo.

Num quadro orçamental pesado, em que receitas e despesas assumem uma estrutura de tal forma pesada que dá pouca margem à criatividade, seria difícil esperar que o novoExecutivo surgisse com uma solução miraculosa que mantivesse o quadro orçamental sólido ao mesmo tempo que reduzia significativamente os impostos sobre o trabalho.

O problema é que a perceção criada junto de todos foi nesse mesmo sentido. Todos – e não culpem os jornalistas ou comentadores políticos – estavam à espera de mais ousadia do Executivo de Luís Montenegro no desenho da política fiscal. Aliás, boa parte da explicação dada pela equipa que desenhou o programa eleitoral da AD residia no facto de mais rendimento disponível permitir maior consumo e a manutenção de um nível de crescimento do país alimentado pelo consumo privado.

O logro rebentou com impacto e na pior altura possível. Numa fase em que muitos percebem a necessidade de dar margem a Luís Montenegro para tentar fazer diferente num quadro político instável, esta aventura fiscal do novo Executivo matou a imagem de solidez e qualidade de uma equipa que superou as expectativas.

Luís Montenegro tentou ao máximo controlar a informação e, com ela, a mensagem. Percebe-se que a estratégia dificilmente poderia aguentar muito tempo. À primeira entrevista, a credibilidade do novo Governo caiu nas ruas da amargura. O Executivo condenou-se a si mesmo a novas eleições. 

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