Opinião
Choque eléctrico
O Orçamento do Estado para 2018, como era previsível, foi aprovado. Até aqui nada de novo, excepto o choque de última hora entre o PS e o Bloco de Esquerda, a propósito da aplicação de uma taxa sobre os produtores de energias renováveis.
O choque foi de ontem, mas o Negócios já o tinha antecipado na sua edição online, na sexta-feira, dia 24. "Poucas horas depois de ter aprovado uma nova taxa sobre renováveis, que poderia retirar 250 milhões de euros aos produtores de energia, o PS voltou atrás e pediu a avocação da proposta, ou seja, uma nova votação da medida, mas agora em plenário", noticiou o Negócios.
Os políticos adormeceram sobre o assunto durante o fim-de-semana e ontem, na votação final do OE, despertaram para a realidade. Quem deu a cara pela mudança de posição do PS foi Luís Testa. "Tendo em conta os progressos que todos nós já firmámos no sector energético (...) chega a hora de continuar a investir nas energias renováveis" para reduzir a dependência energética do país, explicou o parlamentar.
O Bloco de Esquerda amofinou-se e o deputado Jorge Costa considerou que "o PS deu uma cambalhota triste na 25.ª hora". Mariana Mortágua, do mesmo partido, recuperou uma das frases emblemáticas de António Costa proferida durante a campanha eleitoral, "palavra dada é palavra honrada", para enfatizar a cambalhota socialista: "Para nós, palavra dada é mesmo palavra honrada."
Parece evidente que o recuo do PS se deve ao facto de o Governo não querer introduzir mexidas num sector ainda em desenvolvimento e onde há "players" que fizeram investimentos exclusivamente na área das eólicas, casos da Iberwind, propriedade dos chineses da Cheung Kong, ou da Generg, adquirida pela Trustenergy, empresa detida em 50% pela francesa Engie e em 50% pela japonesa Marubeni. Assim como de investimentos no sector do solar que poderiam ficar em banho-maria.
Pode até ser compreensível o recuo do PS e do Governo, mas o que fica é uma reviravolta que não abona nada a favor dos dois, a qual permite que se crie a teoria conspirativa de que António Costa e seus pares cederam aos lóbis. Reforçada pela ausência de explicações. É claro que o Bloco usou este caso para dramatizar, mas não é menos verdade que isso só foi possível por inépcia do Governo. Um sintoma cada vez mais frequente nos últimos tempos de governação e que começa a empalidecer a estrela de António Costa.
Os políticos adormeceram sobre o assunto durante o fim-de-semana e ontem, na votação final do OE, despertaram para a realidade. Quem deu a cara pela mudança de posição do PS foi Luís Testa. "Tendo em conta os progressos que todos nós já firmámos no sector energético (...) chega a hora de continuar a investir nas energias renováveis" para reduzir a dependência energética do país, explicou o parlamentar.
Parece evidente que o recuo do PS se deve ao facto de o Governo não querer introduzir mexidas num sector ainda em desenvolvimento e onde há "players" que fizeram investimentos exclusivamente na área das eólicas, casos da Iberwind, propriedade dos chineses da Cheung Kong, ou da Generg, adquirida pela Trustenergy, empresa detida em 50% pela francesa Engie e em 50% pela japonesa Marubeni. Assim como de investimentos no sector do solar que poderiam ficar em banho-maria.
Pode até ser compreensível o recuo do PS e do Governo, mas o que fica é uma reviravolta que não abona nada a favor dos dois, a qual permite que se crie a teoria conspirativa de que António Costa e seus pares cederam aos lóbis. Reforçada pela ausência de explicações. É claro que o Bloco usou este caso para dramatizar, mas não é menos verdade que isso só foi possível por inépcia do Governo. Um sintoma cada vez mais frequente nos últimos tempos de governação e que começa a empalidecer a estrela de António Costa.
Mais artigos do Autor
A diferença está no Chega
26.12.2024
O ano da mudança
25.12.2024
E depois de Putin?
19.12.2024
O aeroporto da areia
17.12.2024
A realidade tenebrosa
16.12.2024
Portugal umbiguista
12.12.2024