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27 de Fevereiro de 2017 às 00:01

Afinal, em que país vivemos?  

Perante este elencar de maleitas de Ferraz da Costa baixa-se os olhos em sinal de vergonha e faz-se uma generosa provisão de anti-depressivos, não vá o Diabo tecê-las.

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Afinal, em que país vivemos? A julgar pela conferência "Moldar o Futuro", promovida pela CIP, que se realizou na quinta-feira em Lisboa, o diagnóstico está longe de ser consensual. Pelo contrário. Por exemplo, Pedro Ferraz da Costa, presidente do Fórum para a Competitividade, lamentou-se: "Tenho pena que a troika tendo ido embora". E porquê? Porque o país tinha um rumo claro para seguir a agora está a navegar à vista e porque "há coisas em Portugal que infelizmente só se fazem quando há pressão externa para mudar".

 

Perante este elencar de maleitas de Ferraz da Costa baixa-se os olhos em sinal de vergonha e faz-se uma generosa provisão de anti-depressivos, não vá o Diabo tecê-las.

Eis senão quando, exactamente na mesma conferência, investidores estrangeiros com actividade em Portugal, fizeram um diagnóstico contrário. Elogiaram o país e mostram-se mais preocupados com o Brexit e o resultado das eleições francesas. Foi o caso de Jordi Llach. O director-geral da Nestlé Portugal, o qual disse que em termos de custos o país é competitivo, "mesmo com aumento do salário mínimo".

 

Por sua vez, o CEO da OGMA, Rodrigo Rosa, desvalorizou questões como a carga fiscal ou a burocracia, afirmando que é necessário melhorar o perfil da diplomacia, enquanto Gustavo Guimarães, presidente da Tranquilidade, detida pelo fundo norte-americano Apollo, admitiu que com o actual Executivo houve alguma "marcha atrás" no investimento, mas adiantou que "há sempre oportunidades de negócio em situações políticas diferentes".

 

Perante estas análises, são aconselháveis calmantes, para que o contentamento não se transforme num estado de euforia desproporcionado face à realidade.

 

Nesta encruzilhada é preciso escolher o país que queremos. Um país que reconhece a incapacidade de construir sozinho o seu futuro e precisa de mão de ferro de terceiros para fazer escolhas e tomar decisões;  ou um país capaz de aproveitar as vantagens que outros lhe reconhecem, para a partir daqui tomar conta do seu destino, traçando um caminho de prosperidade.

 

Uma coisa é certa. O que Portugal não pode continuar a fazer é amesquinhar-se perante terceiros, enfatizando as suas fraquezas e escondendo as forças, um exercício de auto-punição em que somos useiros e vezeiros.  Este tipo de discurso é meio caminho andado para que as coisas corram mal. Será isso que queremos?

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