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A nova vida dos bancos

Os bancos estão a lançar no mercado uma série de contas "light" que são versões diferentes dos pacotes que já existem e se moldam de acordo com as necessidades dos clientes. Como estas contas implicam a oferta de um conjunto de serviços, os bancos acabam por se proteger de uma possível proibição da cobrança de comissão de manutenção.

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Este é, contudo, apenas um dos múltiplos olhares possíveis sobre a nova estratégia dos bancos. No já distante ano de 1985, o surgimento da Nova Rede fez nascer um novo relacionamento entre os bancos e os seus clientes. A Nova Rede forçou a democratização da banca e os balcões multiplicaram-se. Devido a esse "boom", em Lisboa e no Porto, assistiu-se a uma corrida à compra de estabelecimentos comerciais por parte das instituições financeiras. De um dia para o outro, onde antes existia uma pastelaria passou a haver um banco. O cartão de débito, as contas-ordenado e o crédito à habitação, proporcionado por um ciclo de crescimento económico, deram alento à banca.

 

A crise financeira de 2008, somada a um processo de digitalização da economia que já estava em curso, forçou a banca a mudar de vida. Fecharam-se balcões e reduziu-se o número de trabalhadores (um processo ainda em curso), ao mesmo tempo que os bancos foram reforçando a sua ligação aos clientes através da internet, relegando o atendimento pessoal para segundo plano.

 

As contas "light" de agora são uma variação deste processo, destinadas a clientes particulares, sobretudo aos mais jovens, que escolhem um banco não em função de valores tradicionais, como o peso da marca, mas sim pela adequação dos serviços que prestam às suas necessidades de curto prazo. É também devido a isso que estas contas, apropriadamente, são comparadas aos pacotes oferecidos pelas empresas de telecomunicações. Pouco importa quem oferece o serviço desde que ele preencha os requisitos exigidos. Daí a multiplicidade da oferta que está a surgir, dirigida a vários tipos de público-alvo, a qual acaba por dificultar a sua comparação mas garante aos bancos comissões cuja legitimidade não pode ser posta em causa.

 

Esta nova vida dos bancos transforma-os em fornecedores de serviços, com um cardápio de ofertas múltiplo num mercado concorrencial e cada vez mais volátil. E isto é apenas o início de uma marcha que será longa e surpreendente.

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