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Esteja preparado para tudo

1 de Abril. Este foi o dia em que o PSI-20 registou a maior subida de 2014, 18%. No início do ano, com a saída da troika já dada como adquirida e com a economia a dar sinais, embora ténues, de recuperação

1 de Abril. Este foi o dia em que o PSI-20 registou a maior subida de 2014, 18%. No início do ano, com a saída da troika já dada como adquirida e com a economia a dar sinais, embora ténues, de recuperação, tudo apontava para que a retoma no mercado de capitais nacional fosse consistente e duradoura. Os investidores apostavam as suas fichas nesta tendência, até porque existia uma boa margem para a obtenção de mais-valias na bolsa de Lisboa. Ou seja, no quadro que então se desenhava, os riscos de volatilidade eram mínimos.


À luz dos acontecimentos recentes, aquele máximo atingido no Dia das Mentiras poder-se-ia até interpretar como uma premonição da hecatombe que se avizinhava. Em pouco mais de dois meses o PSI-20 ganhou uma até então inimaginável dimensão de volatilidade. E para que esta metamorfose fosse absoluta bastou que o Banco Espírito Santo (BES) e o Espírito Santo Financial Group (ESFG) se transformassem numa bomba-relógio prestes a explodir. As irregularidades detectadas no Grupo Espírito Santo (GES), as desavenças familiares, a entrevista de Ricardo Salgado ao Negócios, a 22 de Maio, onde dizia que todos no grupo haviam cometido erros e a decisão do Banco de Portugal de afastar a família Espírito Santo da gestão do BES, conhecida a 19 de Junho, foram provocando sucessivas hecatombes nas acções do BES e do ESFG, que contaminaram estruturalmente o PSI-20.


Além dos erros de gestão que naturalmente concorreram para este desenlace, o que os casos BES e ESFG mostram também é o peso excessivo que o sector financeiro tem no PSI-20. Dos 20 títulos cotados, cinco pertencem a esta categoria. Esta influência é o reflexo de uma economia desestruturada, onde predomina a banca e escasseia a indústria. Uma economia de serviços e pouco produtiva. Com a agravante de que existe uma dependência pouco salutar no relacionamento entre empresas, uma situação verificável na compra de dívida da Rioforte, pertencente ao universo GES, feita pela PT.


Os casos BES e ESFG expuseram estas realidade da forma mais cruel possível, penalizando os investidores, que não estavam preparados para este desfecho. A volatilidade é um dos traços característicos de qualquer bolsa. A sageza está em saber antecipar qual o grau dessa volatilidade. A melhor maneira de investir é, pois, não ter a certeza de nada e estar preparado para tudo. 

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