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E se o FMI estiver certo?

Um estudo divulgado na semana passada pelo FMI trouxe boas e más notícias. A boa é que o crescimento económico mundial deverá ser mais robusto nos próximos anos.

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Um estudo divulgado na semana passada pelo FMI trouxe boas e más notícias. A boa é que o crescimento económico mundial deverá ser mais robusto nos próximos anos. A má é que esse crescimento será bem mais lento do que antes da crise financeira global de 2008.


Os economistas do Fundo estimam um crescimento potencial (com condições óptimas de inflação) de 1,6% ao ano entre 2015 e 2020 nas economias avançadas. Mais do que os 1,3% no período entre 2008 e 2014. Mas menos do que os 2,25% entre 2001 e 2007. Embora continuando a avançar a um ritmo mais rápido, a quebra face ao período pré-crise será ainda maior nos países emergentes: de 6,5% para 5,2%.


Esta nova e dura realidade decorre da forte quebra no investimento provocada pela crise financeira global, que deprime o crescimento do capital, e do envelhecimento da população, que restringe o emprego potencial. A que é preciso somar um abrandamento no crescimento da produtividade, em contraste com a aceleração verificada no final da década de 90 do século XX graças ao desenvolvimento das tecnologias de informação. Os menores ganhos de produtividade são também o principal factor que explica o pior desempenho nos emergentes.


O que pode significar para os investidores um período prolongado de anemia económica? Elroy Dimson, Paul Marsh e Mike Staunton, da London Business School, concluíram que não há uma relação directa entre a evolução do PIB e o retorno das acções, num estudo publicado em 2005, que analisa as rendibilidades do mercado accionista de 53 países (em alguns com dados desde 1900). Um paradoxo que tem no facto de os mercados frequentemente descerem quando a economia ainda está a crescer, e valorizarem antes de uma retoma, uma evidência empírica


Um outro estudo, de 2011, de que Jim O'Neill, antigo presidente da Goldman Sachs Asset Management e inventor do acrónimo BRIC, é um dos co-autores, conclui que o retorno dos mercados accionistas tende a reflectir não o PIB actual, mas as expectativas dos investidores em relação ao crescimento futuro, funcionando como um indicador avançado. A gestora de activos britânica Schroders divulgou em Março de 2013 um relatório onde sustenta que num período prolongado de taxas de juro próximas de zero, a relação entre as expectativas de crescimento económico e o retorno dos mercados accionistas tende a ser ainda mais próxima.


Há pois boas razões para crer que com a retirada dos programas de expansão monetária a rendibilidade dos mercados accionistas será menor no futuro, tendo em conta a perspectiva de um crescimento económico também ele mais baixo. A menos que os governos tenham coragem para tomar as medidas adequadas para evitar o que Christine Lagarde, directora-geral do FMI, mais receia: uma "década perdida" para a economia mundial.

 

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