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Um conceito elaborado de diplomacia económica

O conceito de diplomacia económica deve ser visto dum modo mais alargado, abarcando todas as acções que contribuam para a afirmação no exterior da estrutura económica nacional.

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O conceito de diplomacia económica foi desenvolvido recentemente como um processo de utilização mais eficiente das nossas representações diplomáticas no sentido de facilitar os movimentos das empresas portuguesas no exterior, tanto em termos de comercialização de produtos e serviços como no desenvolvimento de novos projectos de investimento.

Mas o conceito de diplomacia económica deve ser visto dum modo mais alargado, abarcando todas as acções que contribuam para a afirmação no exterior da estrutura económica nacional.

Neste conceito alargado são especialmente significativos dois sub-conceitos:

– o da «imagem» global do país em relação à sua dimensão empresarial, económica e social e o de «embaixador» do país proveniente da sociedade civil ou seja, fora da estrutura diplomática oficial.

A «imagem» que um país consegue transmitir em relação à sua estrutura produtiva é muito marcante nas relações internacionais e constituem um factor de vantagem competitiva muitas vezes determinante. Por força dessa «imagem», criou-se a convicção de que quando se adquirem produtos alemães está garantida a fiabilidade e a robustez, que os produtos italianos são inultrapassáveis em design, e os produtos suíços montras de precisão, como se fossem relógios.

Esta imagem, que muitas vezes não corresponde à realidade, já que podemos encontrar produtos espanhóis com maior robustez que os alemães, produtos dinamarqueses com melhor design que os italianos ou produtos franceses com maior precisão que os suíços, é cuidadosamente tratada por um conjunto de actos, símbolos e comportamentos de indivíduos ou entidades desses países que não têm qualquer ligação directa à actividade empresarial.

Por outro lado os «embaixadores civis» são indivíduos que conseguiram pelo seu comportamento e/ou excelência adquirir um estatuto de notoriedade além-fronteiras contribuindo para a melhoria global da «imagem» dos seus países de origem, com reflexos directos nas potencialidades que se abrem para a actividade empresarial nesses países.

José Mourinho, por exemplo, fez mais pelo conhecimento de Portugal e pelo prestigio e notoriedade dos produtos portugueses em Inglaterra, num só ano, do que a delegação do ICEP nos últimos 5 anos.

É nesta perspectiva que figuras como José Mourinho, Durão Barroso e António Guterres são «embaixadores» essenciais para a melhoria da «imagem» de Portugal e nesse sentido, agentes preponderantes da diplomacia económica do nosso país.

Do mesmo modo, sucessos da diplomacia tradicional obtidas com competência, eficácia e descrição, como ocorreu com a libertação recente de um cidadão português no Dubai têm também repercussões políticas ao nível da diplomacia económica pelo prestigio e conhecimento que o nosso país adquire. A entrada de empresas portuguesas torna-se mais fácil e não é por acaso que algumas empresas exportadoras intensificaram recentemente os seus contactos com o Dubai.

A recente vitória de António Guterres no processo de candidatura para Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados é o resultado das excepcionais características humanas, intelectuais, políticas e profissionais do candidato (eu sou suspeito porque sou seu amigo, mas há um grande consenso em torno desta constatação) mas também de um trabalho diplomático de grande competência e eficácia. A mais valia que esta candidatura trará a Portugal em termos da sua «imagem» global é inestimável.

Portugal tem um grande Ministro dos Negócios Estrangeiros, com uma perfeita compreensão do conceito alargado de diplomacia económica e da sua importância estratégica para a afirmação económica, social e empresarial do nosso país.

Pena é que só o possamos ter até Dezembro, data em que o PS o indicará como candidato presidencial e de cujas eleições o Prof. Freitas do Amaral tem grandes probabilidades de vir a sair vencedor.

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