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Tempos modernos

Em Portugal tudo é aceite como se fosse rotina. É assim que vamos alegremente apagando a nossa memória colectiva com a maior das leviandades. Tudo em nome da “modernidade”, essa palavra “limpa” que funciona como glutão que come todas as dúvidas sem deixar

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Em Portugal tudo é aceite como se fosse rotina. É assim que vamos alegremente apagando a nossa memória colectiva com a maior das leviandades. Tudo em nome da “modernidade”, essa palavra “limpa” que funciona como glutão que come todas as dúvidas sem deixar rasto.

O património português é o elo mais fraco dessa política cega que nos vai tornando mais pobres e mais iguais a um país do Terceiro Mundo. Olhe-se para os prédios, alguns com prémios Valmor, a ruir nas principais artérias de Lisboa.

Ou o estaleiro em que se tornou o Terreiro do Paço. E, agora, em nome do mesmo “modernismo” já se põe a hipótese de, por causa da CRIL, se demolirem umas centenas de metros do Aqueduto das Águas Livres.

E porque é que não se arrasa tudo?

Jorge Luís Borges dizia que o mundo estava dividido entre os que pensam que Waterloo foi uma vitória e os que pensam que foi uma derrota.

Em Portugal estamos cada vez mais divididos entre os que pensam que demolir cegamente é uma vitória e os que acreditam que destruir a história é uma derrota.

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