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Opinião
02 de Junho de 2011 às 15:03

"Back to basics": ir ao essencial

É necessário um esforço contínuo para adquirir competências e capacidades individuais e colectivas.

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Os momentos de crise são sempre alturas de risco, desafio, tensões, preocupações, incertezas… Podem servir para se fazer balanço, "deitar contas à vida", apesar da pressão exercida pelos problemas imediatos dificultar essa reflexão. Por vezes, quando seria necessário ponderar bem as decisões a tomar, é quando os assuntos se complicam mais e exigem respostas instantâneas, dificultando assim a visão do que realmente é importante e vital. Vale a pena parar, para avançar na direcção certa.

Por coincidência, estão em exibição dois filmes fulcrais: "Encontrarás dragões" e "A árvore da vida". São duas obras que apontam para um aspecto primordial: como orientar a nossa vida? No fundo, que sentido quero dar ao que faço?

É necessário um esforço contínuo por adquirir competências, capacidades individuais e colectivas, acertar nas estratégias e planos a desenvolver, etc. No entanto, tudo isso se torna inútil e ineficaz se o próprio sujeito não encontra um sentido naquilo que faz, se não se sabe e não se sente realizado como indivíduo, tanto no âmbito pessoal como profissional.

Nunca se venderam tantos manuais de auto-ajuda para uma "boa gestão". Mas na maioria dos casos, esses conselhos não atingem o interior da própria pessoa e o que a move. É preciso que cada um se enfrente consigo mesmo e olhe para dentro de si. Analise o que faz e qual o seu objectivo último na vida. Então tudo adquire outro dinamismo, energia e motivação. É possível marcar metas e lutar por alcançá-las, atraindo outros em projectos comuns, como se verá nos filmes em destaque.



"A Árvore da Vida"






Título original: "The Tree of Life"
Realizador: Terrence Malick
Actores: Brad Pitt; Sean Penn
Música: Alexandre Desplat
Duração: 138 min.
Ano: 2011




Este filme venceu a palma de ouro no último festival de Cannes. Trata-se de uma obra crua e dura, mas ao mesmo tempo muito apurada ao nível estético e musical. A narrativa deve ser contemplada, para além de lida nos diálogos e legendas.

Um alto executivo de uma empresa bem colocado na vida, admira do cimo do arranha-céus onde trabalha tudo o que alcançou. Não se sente realizado. As reuniões a que assiste não têm valor nem significado. Desce à rua e procura compreender-se melhor. O seu filho já casado educa por sua vez com severidade os seus três rapazes, sendo muito exigente com as crianças.

Quando cai no desemprego e sofre a morte do filho mais velho, cai em si. De que lhe servira tanto esforço? Que construíra ao longo de tantos anos? Que exemplo dera aos mais novos, à sua família e aos seus colegas de trabalho. Será que por detrás de tanta rigidez e autoritarismo não escondia uma fraqueza e insegurança? Seria possível recomeçar?

Este filme aborda as eternas perguntas "quem sou - de onde venho - para onde vou - que pretendo da vida". Bradd Pitt e Sean Penn demostram por acções que não se deve desistir. É possível encontrar saídas. Esforçando-se, avaliando o que nos acontece e contando com os outros, será mais fácil avançar.



Tópicos de análise



Fechar-se em si próprio em auto-isolamento conduz a um beco sem saída.
O êxito profissional não é o único factor da realização pessoal.
Há mais vida para além dos problemas imediatos.








"Encontrarás Dragões"





Título original: "There Be Dragons"
Realizador: Roland Joffé
Actores: Charlie Cox; Wes Bentley
Música: Stephen Warbeck
Duração: 122 min.
Ano: 2011




O realizador Roland Joffé notabilizou-se em filmes como "Killing fields - terra sangrenta", retratando o regime ditatorial dos Khmers vermelhos no Cambodja e depois com "A missão", sobre os jesuítas na América do Sul. Nesta caso, a história vai centrar-se no decorrer da guerra civil espanhola. Dois velhos amigos de infância vão seguir caminhos opostos. Um deles, Manolo, resolve pegar em armas, enquanto outro, S. Josemaria, fundador do Opus Dei, se irá opor à violência.

Ao longo da narrativa ambos irão ter de defrontar diversos "dragões": dificuldades, injustiças, momentos de dúvidas e dilemas. Não há "bons" e "maus" numa visão simplista do conflito bélico. Nos dois lados da barricada é possível encontrar pessoas capazes de actos heróicos e também de atitudes mesquinhas e cruéis. As próprias personagens vão evoluindo no decorrer da história. Para ultrapassarem obstáculos, dão-se conta de que terão de vencer os seus defeitos. Os "dragões" mais fortes estão no interior de cada um, fruto tantas vezes de exemplos aprendidos desde tenra idade.

É preciso superar a injustiça, actuar pela positiva, perdoar, libertando-se de rancores e pesos que impedem traçar novas metas. Só avaliando a experiência vivida, se enfrentam com eficácia os desafios diários, construindo o destino com gestos concretos.




Tópicos de análise



Aprender com o passado é útil para acertar no presente.
Actuar correctamente será mais eficaz se procurar "ser a favor" e não "contra algo"
Os momentos de pausa e reflexão são essenciais ao tomar uma boa decisão.






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