De acordo com o contrato com os atletas disponível no "site" do Comité Olímpico, quem foi qualificado recebe mensalmente 550 euros para a sua preparação, quem for semifinalista recebe 825 euros e quem for finalista 1100 euros (depois, claro, que ganharão com patrocínios e salários dos clubes). "O presente contrato tem por objecto assegurar condições de preparação aos atletas que reunam condições para atingirem resultados de excelência nos Jogos Olímpicos de Londres 2012", lê-se na minuta do contrato.

A excelência não se adquire com o dinheiro. Se calhar ajudaria que Clarisse Cruz conseguisse mais tempo de treino. A excelência adquire-se com condições. Muitos dos portugueses nos Jogos Olímpicos treinam fora de Portugal. O que é, afinal, a excelência? Mesmo sem o ouro, prata ou o bronze aplaudimos os remadores Nuno Mendes e Pedro Fraga, ou os tenistas de mesa Marcos Freitas, João Monteiro e Tiago Apolónia; ou as maratonistas Jessica Augusto, Marisa Barros ou Dulce Félix; ou ainda a ginasta Ana Rente; mas também os cavaleiros Luciana Diniz e Gonçalo Carvalho; ou as corredoras Clarisse Cruz e Vera Barbosa; ou Telma Santos no badminton; ou João Costa no tiro; ou Fernando Pimenta, Emanuel Silva, Helena Rodrigues, Teresa Portela, Joana Vasconcelos e Beatriz Gomes na canoagem. Não há medalhas, mas há dever cumprido. Para as medalhas é preciso mais, muito mais, e a começar na base. Não pensar nos Jogos apenas de quatro em quatro anos. Quem sabe o que Nuno Mendes e Pedro Fraga vão fazendo durante o ano?

Portugal soube festejar a chegada às meias-finais da Selecção de Futebol no europeu. Agora, como vão ser recebidos Nuno Mendes, Pedro Fraga, João Monteiro, Marcos Freitas, Tiago Apolónia, Jessica Augusto? Os seus resultados foram melhores do que o da Selecção de Futebol . Além de que, no futebol, têm condições para treinar únicas. E, principescamente remunerado, ninguém imagina Cristiano Ronaldo a trabalhar na Câmara de Ovar.


*Jornalista
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