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20 de Julho de 2009 às 12:00

O papel da banca no apoio à resolução do (des)emprego

A crise internacional que nos atinge é diferente de todas as outras anteriores. É que, para aqueles que mantêm o seu emprego, a descida da taxa de juro, a descida do preço do petróleo, a descida dos preços das casas, a descida dos...

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A crise internacional que nos atinge é diferente de todas as outras anteriores. É que, para aqueles que mantêm o seu emprego, a descida da taxa de juro, a descida do preço do petróleo, a descida dos preços das casas, a descida dos preços das passagens aéreas ou a descida dos preços dos bens alimentares permitirão uma melhoria do rendimento disponível das famílias. Mas, por outro lado, esta crise é pior do que as outras, porque as empresas, sobretudo dos sectores primário e secundário, para conseguirem vender os seus produtos, têm que baixar os seus preços, encurtando, assim, as margens de lucro. Temos, então, o clima perfeito para que a diminuição dos custos de produção seja feita infeliz e tendencialmente à custa da diminuição da força de trabalho.

Através de um "survey" online, mais de 340 pequenas (46%), médias (40%) e grandes (14%) organizações portuguesas apresentaram ao Gabinete de Apoio do IPP Portugal a sua visão, percepção e estimativa sobre quais serão as tendências do mercado laboral de Maio a Outubro de 2009, no que concerne à contratação e reforma de quadros superiores nas suas organizações.

O Índice de Contratação do IPP (IdC) para toda a empresa é de 90, mostrando uma clara diminuição da actividade de contratação. Devemos destacar que na última iteração do IPP Portugal (previsão do 2º semestre de 2008), o IdC foi de 111, o qual mostra que a actividade de contratação, nessa altura, ainda tendia a subir. De igual forma, o IdC para os quadros superiores e profissionais com formação superior apresenta o mesmo padrão, com um valor de 81, mas mais acentuado (na edição 2008 era 109).

A mudança de direcção no índice pode ser atribuída à crise. As empresas tendem a diminuir a actividade de contratação, para além de muitas terem mesmo decidido congelar os processos de contratação até que se sinta a renovação da confiança ao nível da progressão positiva do mercado.

Na mesma linha, o índice de variação do número de empregados (IdE) apresenta nesta edição, em ambos os casos, um valor igual a 93, ou seja, a nível de toda a organização e ao nível dos quadros superiores. As empresas portuguesas indicam uma diminuição do número de empregados durante os próximos seis meses. As empresas não têm muitas opções face às circunstancias económicas, o que leva a decisões como reduzir a dimensão das empresas como medida de recuperação e/ou como medida de prevenção. Como consequência deste tipo de acção e do congelamento de novas contratações, os níveis de rotação também diminuem de forma drástica, como se pode observar no relatório agora editado. O Índice de Rotação (IdR) é de 76 em ambos os níveis analisados, o que significa que a rotação atingirá níveis notavelmente baixos.

Por último, e provavelmente também como consequência em simultâneo do baixo nível de rotação, da diminuição dos quadros de pessoal e do congelamento de contratações, o mercado laboral apresentará menores dificuldades para contratar as pessoas que procura, tal como é bem visível no Índice de Dificuldades de Contratação (IdDC), que, seguindo a tendência dos quatro indicadores anteriormente apresentados, mostra valores inferiores a 100, ou seja, 75 para os quadros superiores e 69 para toda a organização.

Recentemente foi anunciado que a UE irá disponibilizar 19 mil milhões de euros do Fundo Social Europeu para apoiar as pessoas atingidas pela crise económica. Conjuntamente com o grupo do Banco Europeu de Investimento e outros parceiros, será criado um novo instrumento para conceder microcréditos aos que têm mais dificuldades em aceder aos fundos para criar uma empresa ou microempresa. O "compromisso comum da UE para emprego" formula prioridades e acções-chave destinadas a preservar o emprego e a ajudar aqueles que enfrentam maiores dificuldades, fomentando, ao mesmo tempo, o relançamento económico. O objectivo, para todos os protagonistas envolvidos, sindicatos e organizações patronais, assim como para os Estados-membros e a UE, consiste em trabalhar em conjunto para honrar este compromisso, propondo, na sua dimensão social, medidas rápidas para responder às crises financeira e económica actuais.

Como afirmou o Presidente Barroso: "Estamos a acelerar a mobilização de milhares de milhões de euros sob a forma de apoio comunitário à reconversão profissional dos trabalhadores ao abrigo do Fundo Social Europeu, que já ajuda mais de 9 milhões de pessoas por ano a encontrar emprego. Juntamente com as instituições financeiras internacionais e, em especial, o grupo do Banco Europeu de Investimento, criaremos um novo instrumento de microcrédito de 500 milhões de euros para apoiar os empresários. A nível nacional, queremos que 5 milhões de jovens europeus tenham acesso aos programas de formação. Convido o Conselho Europeu a apoiar este plano ambicioso."

Desta forma, deixo no ar a reflexão: sendo a subida galopante da taxa de desemprego o principal flagelo desta crise, não deveria o sector bancário olhar para estes factos como uma oportunidade de ouro para a posta em prática de estratégias reais efectivas de responsabilidade social corporativa, criando produtos orientados para o apoio e incentivo ao investimento na retenção do talento nas empresas portuguesas?


Coordenador Nacional do IPP Portugal (IEL da ESADE Business School), convidado da PG em Alta Performance nas Vendas no ISGB - Instituto Superior de Gestão Bancária.
Coluna mensal à segunda-feira


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