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O negócio global

A vitória do modelo que existe no Chelsea começou a ser desenhada há muito. Talvez há duas décadas foram lançadas as bases para alterar a forma como o futebol era jogado, promovido e visto em todo o mundo. Um dos pilares desta mudança foi o Sr. Lennart Johansson, durante muitos anos o presidente da UEFA.

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Os portugueses estão a olhar já, com ansiedade, para o Euro 2012. Mas a poeira levantada pela vitória do Chelsea na Liga dos Campeões ainda está a assentar. Ela diz-nos muito sobre o mundo do futebol da actualidade. Nem é tanto por uma equipa que joga na contenção, para não dizer "à defesa", ganhar uma competição onde o futebol de ataque (do Barcelona ao Bayern de Munique e passando, de vez em quando, pelo Real Madrid) foi afastado da vitória. É porque se assistiu à consagração dos clubes erguidos pelo peso do dinheiro de magnates que os adquirem para sua glória pessoal. No fundo, se o Sr. Abramovich conseguiu atingir o sonho que perseguia há alguns anos, na época em que parecia menos provável que tal fosse possível, assistiu-se à consagração da aliança entre o poder do dinheiro, a televisão, o marketing e o futebol.

A vitória do modelo que existe no Chelsea começou a ser desenhada há muito. Talvez há duas décadas foram lançadas as bases para alterar a forma como o futebol era jogado, promovido e visto em todo o mundo. Um dos pilares desta mudança foi o Sr. Lennart Johansson, hoje com 82 anos, presidente da UEFA entre 1990 e 2007. A sua abertura ao modelo comercial do futebol tornou este desporto no mais visto em todo o mundo.

A globalização do futebol, que ganhou balanço com a criação da Liga dos Campeões, teve a sua assinatura. Com isso o futebol europeu, que continua a ser o mais rico e atractivo, tornou-se um fenómeno global. A chamada indústria do futebol iniciou-se, com dirigentes, empresários e craques à volta de um bolo milionário. A Liga dos Campeões vale milhões a quem vá lá. Em Portugal, percebe-se a ânsia dos "grandes" no apuramento para este balão de oxigénio para as suas finanças. Mas lá fora os grandes clubes pertencem hoje a grandes milionários. O Sr. Abramovich, antes de vencer a Liga dos Campeões, investiu no Chelsea mais de mil milhões de euros. Dois alemães, o Sr. Hempel e o Sr. Lenz, convenceram há duas décadas o Sr. Johansson e o seu director-executivo, o Sr. Gerhard Aigner, da bondade da sua ideia para tornar o futebol um negócio global. Os dois alemães tinham aprendido com a família Dassler, proprietária da Adidas, em como tudo o que tinha que ver com desporto era vendido. A sua proposta foi posta em prática. Numa altura em que os grandes clubes europeus queriam tornar a então Taça dos Campeões Europeus num grupo fechado, a UEFA sentou-se na locomotiva da mudança.

O Sr. Johansson teve, na altura, um importante aliado: o Sr. Silvio Berlusconi, dono do AC Milan e de uma potente cadeia de media. Evitou-se a cisão entre os grandes clubes europeus e os mais pequenos, na reforma, tiveram direito a parte do almoço prometido. O modelo criado está hoje nas mãos do herdeiro do Sr. Johansson, o Sr. Platini. E atraiu mais dinheiro. O dos homens que hoje mandam no Chelsea, no Manchester City ou no Manchester United.
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