Opinião
O lamentável "caso" Bernardo Bairrão
Primeiro a declaração de interesses: conheço Bernardo Bairrão e tenho por ele a maior consideração. Agora os factos.
Primeiro a declaração de interesses: conheço Bernardo Bairrão e tenho por ele a maior consideração. Agora os factos. O "Expresso" diz que o Governo pediu ao SIS que investigasse os negócios do ex-gestor da Media Capital em Angola e Brasil.
O caso encerra três questões: a investigação, o seu impacte e a qualidade da decisão política. É saudável que um 1º ministro queira saber a idoneidade de quem vai para o Governo: muito escândalo se evitaria (veja-se os casos sob investigação…) se alguma "fauna" não pusesse as mãos na "res publica". O que não é saudável é deixar um cidadão a fritar em lume brando na Imprensa (apesar de o Governo ter desmentido a informação, o jornal manteve-a). É que por muito honesto que seja Bairrão (e até prova em contrário estou convicto que é), a partir de agora onde quer que vá, corre o risco de ouvir: "Alguma coisa fez para não ir para o Governo".
Mas o episódio levanta outra questão, igualmente grave: num país onde existe um decréscimo da qualidade da governação, associado à mediocridade dos actores políticos, quem é o cidadão competente que quer ir para o Governo assim?
Os serviços de informações deviam divulgar o que realmente apuraram (de bem ou de mal) sobre Bairrão. O país precisa de saber. E o visado, que tem direito a andar na rua sem levar com sorrisos irónicos, também. Que vergonha de Estado.
P.S. - Numa semana Cavaco criticou agências de rating em tom impróprio e sugeriu uma desvalorização do Euro (como que a admitir que Portugal não consegue competir com um Euro forte). Se um dia destes o BCE lembrar que quando um ciclista cai não é o pelotão que espera por ele, o PR terá o merecido troco.
O caso encerra três questões: a investigação, o seu impacte e a qualidade da decisão política. É saudável que um 1º ministro queira saber a idoneidade de quem vai para o Governo: muito escândalo se evitaria (veja-se os casos sob investigação…) se alguma "fauna" não pusesse as mãos na "res publica". O que não é saudável é deixar um cidadão a fritar em lume brando na Imprensa (apesar de o Governo ter desmentido a informação, o jornal manteve-a). É que por muito honesto que seja Bairrão (e até prova em contrário estou convicto que é), a partir de agora onde quer que vá, corre o risco de ouvir: "Alguma coisa fez para não ir para o Governo".
Mas o episódio levanta outra questão, igualmente grave: num país onde existe um decréscimo da qualidade da governação, associado à mediocridade dos actores políticos, quem é o cidadão competente que quer ir para o Governo assim?
Os serviços de informações deviam divulgar o que realmente apuraram (de bem ou de mal) sobre Bairrão. O país precisa de saber. E o visado, que tem direito a andar na rua sem levar com sorrisos irónicos, também. Que vergonha de Estado.
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