Opinião
O jardim dos pequenitos
Simpaticamente, Santana Lopes convidou a imprensa para os jardins de São Bento. Não para mostrar que agora se dedicava à jardinagem, embora tivesse recordado o local onde Salazar lia e onde Cavaco tinha mandado construir uma piscina.
Aproveitou para se deixar fotografar com os filhos e com os amigos destes. Tudo muito familiar, como se trouxesse a imprensa ao jardim dos pequenitos. Tudo muito pouco Estado, como se a residência oficial do primeiro-ministro fosse o local privilegiado para um piquenicão.
Há coisas que Santana não sabe. Se não soubesse fazer renda de bilros, seria perdoado. Não sabendo o que é o Estado, e confundindo-o com um churrasco, é um pouco pior. São Bento, até prova em contrário, não é o quintal privado de Santana, onde pode criar pombos e galinhas. Tem o jardim que simboliza o poder em Portugal.
Maquiavel aconselhava o príncipe a ter uma imagem pouco visível para que as pessoas não soubessem bem quem ele era. Assim o príncipe poderia mostrar a imagem que queria.
Santana gosta da sua imagem, embora depois critique a imprensa por mostrar a imagem que ele mostrou para lhe agradar. Só há um problema: nem todos têm um António Ferro ao seu lado.