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13 de Setembro de 2011 às 11:47

O Cabaret alemão

Berlim já não é o mundo da fantasia suprema que conhecemos em "Cabaret" com Liza Minneli.

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Berlim já não é o mundo da fantasia suprema que conhecemos em "Cabaret" com Liza Minneli. A diva agora é Angela Merkel e é ela que gere a forma como o dinheiro roda. Só que Merkel faz o seu número num palco que ameaça ruir para mal de quem, como Portugal, espera que o corte nas despesas seja o caminho menos mau para o purgatório. Só para ver se nos livramos do inferno.

O problema é que a Alemanha, como mostram a saída de Jürgen Stark do BCE e os contornos da decisão do Tribunal Constitucional alemão sobre os mecanismos de combate à crise europeia, está a seguir à risca os ensinamentos de von Clausewitz: "A estratégia é uma economia de forças". Se juntarmos essa ideologia à tese do gótico Günther Oettinger, defendendo as bandeiras a meia haste para os países com défice excessivo, percebemos como é a nova política europeia da Alemanha.

A humilhação é a continuação da política económica por outros meios. Temos na Alemanha um novo tipo de Cabaret: a dança é amestrada.

É a política Cabaret Voltaire ou falsamente dadaísta: tudo é "non sense", contra qualquer equilíbrio.

O BCE tem sido o pilar da força do euro e este tem sido um pilar forte num mundo monetário instável. A Alemanha parece querer acabar com isso e está cada vez mais decidida a fazer da Europa um território de saltimbancos que, ou saltam à sua ordem, ou são enxotados. Portugal, dependente dos humores germânicos como nunca, só resistirá se recuperar a dança marcial dos pauliteiros de Miranda. Até conseguir ganhar de novo uma autonomia fiscal face a esta Europa que começa a parecer uma versão pimba do velho Cabaret.
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